Durante sua visita à Casa Branca nesta segunda-feira, Benjamin Netanyahu reencontrou-se com Donald Trump, em um momento que sinaliza uma mudança significativa na relação entre os dois líderes. Após um período de tensions e desentendimentos, o premiê israelense agora parece contar com o apoio de Trump para avançar em seus objetivos políticos e estratégicos.
Reencontro em meio a divergências e interesses comuns
Após uma sequência de conflitos, Netanyahu tenta aproveitar o momento de aproximação com Trump, que voltou à presidência dos EUA em janeiro de 2025 com uma agenda marcada por interesses no Oriente Médio. Apesar de diferenças — especialmente sobre o cessar-fogo em Gaza e o acordo nuclear iraniano — os dois líderes parecem alinhados na questão de fortalecer suas posições diante da política regional.
“Estamos em um momento distinto na relação Netanyahu-Trump”, afirma Aaron David Miller, especialista em negociações no Oriente Médio. A intenção do ex-presidente é usar a influência de Netanyahu para obter uma vitória diplomática na gestão do conflito israelense-hamas, visando um cessar-fogo e a liberação de reféns.
Contexto interno e a possibilidade de mudança de estratégia em Gaza
Netanyahu, que resistiu à pressão dos Estados Unidos para diminuir a ofensiva contra Gaza, caminha para um possível reposicionamento. Após a maior crise de segurança de Israel, com o ataque de Hamas que matou 1.200 pessoas, Netanyahu se comprometeu a eliminar a capacidade militar e de governo do grupo terrorista.
Entretanto, o sucesso das operações contra o Irã, incluindo ataques a líderes militares e sites nucleares iranianos, parece ter alterado o cenário. A participação de Trump, que enviou bombas B-2 contra alvos iranianos, reforça a legitimidade da estratégia israelense. “Este sempre foi seu sonho”, comenta David Makovsky, ex-funcionário do Estado norte-americano, referindo-se às ações contra o Irã.
fatores políticos e o timing que favorecem Netanyahu
Outra variável importante é o recesso parlamentar, que permitirá a Netanyahu negociar um cessar-fogo sem o risco de perder apoio de seus aliados de direita. Sua coalizão é fragilizada, com apenas 64 dos 120 assentos na Knesset, e depende de figuras como Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir, que podem ameaçar seu governo. Com o apoio de Trump, essa ameaça fica temporariamente menor.
Perspectivas de longo prazo e a questão do estado palestino
Apesar da aproximação, o futuro de Gaza continua incerto. Trump insiste na necessidade de um “fim de jogo” que exclude o controle do território por uma Autoridade Palestina reformada. Netanyahu, por sua vez, tem resistido a essa ideia, enquanto países do Golfo, financiadores potenciais da reconstrução, demandam soberania palestina como condição para apoio.
Shira Efron, especialista do Israel Policy Forum, destaca que o alinhamento com Trump pode ajudar Netanyahu a desviar pressões internas e abrir espaço para negociações mais estratégicas no futuro. “Isso ajuda a desviar a pressão política doméstica”, avalia ela.
Implicações futuras e o papel dos Estados Unidos
O momento atual sinaliza uma fase de ajustes na estratégia israelense, com Netanyahu fortalecendo sua posição ao buscar equilibrar interesses regionais e políticos internos. A influência de Trump, potencialmente, será decisiva para definir os próximos passos no conflito e na política de Israel.
O que se desenha é uma nova configuração de alianças e estratégias, onde ambos líderes buscam consolidar suas vitórias, sejam elas no campo diplomático ou eleitoral.