Indicadores econômicos sugerem que a economia brasileira pode estar entrando em uma fase de desaceleração, embora o comércio ainda mantenha um ritmo relativamente firme. As informações divulgadas pelo IBGE mostram crescimento em várias atividades, mas com sinais de que a expansão pode desacelerar nos próximos meses.
Estabilidade e sinais de desaceleração no comércio
De acordo com os dados do IBGE, em junho houve crescimento em seis das oito atividades analisadas, incluindo setores como tecidos, vestuário, móveis, artigos farmacêuticos e supermercados. As variações variaram de 1,2% a 7,1%, mostrando uma certa estabilidade na economia do varejo.
No entanto, o avanço não foi uniforme. Dois setores apresentaram queda em relação a abril: combustíveis e lubrificantes, com -0,6%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, com -0,4%. Esses resultados indicam que, apesar do bom desempenho geral, algumas áreas enfrentam dificuldades.
Sinalizações de desaceleração na comparação anual
Apesar do cenário de juros elevados, a comparação interanual revela que segmentos como veículos, motos e materiais de construção tiveram crescimento de 1,5% e 4,7%, respectivamente. Segundo o economista Tobias Müller, o desemprego em baixa histórica e a alta na renda contribuem para os bons números do varejo.
Ele destaca que, em maio, fatores como a acomodação do câmbio e a redução da inflação de alimentos também favoreceram o setor supermercadista. No entanto, Müller adverte que esses estímulos podem perder força no segundo semestre, à medida que os efeitos dos juros altos se intensificarem na economia.
Perspectivas para o segundo semestre
Especialistas acreditam que o ritmo de crescimento do varejo não será mantido, devido ao impacto dos juros elevados, que estão em patamar alto há quase um ano. Essa situação deve provocar oscilações na atividade econômica, com efeitos defasados na criação de empregos e na renda da população.
Embora não se espere uma crise, é provável que os dados mostrem uma desaceleração gradual, refletindo os efeitos do aumento da taxa de juros e do arrefecimento da inflação. Essa situação demanda atenção dos formuladores de políticas econômicas.
Para mais detalhes, consulte a reportagem no O Globo.