Em uma carta impactante publicada no site da Arquidiocese de Nápoles, o cardeal Domenico Battaglia fez um apelo tocante aos seres humanos e às lideranças mundiais para que não se tornem indiferentes à dor e ao sofrimento causados pela guerra. “Se não for por Deus, faça-o pelo que resta de humano na humanidade”, escreveu o purpurado, que se referiu à atual situação global como um ressoar de “tambores de guerra de todas as direções do horizonte”. Sua mensagem, que busca engajar tanto crentes quanto não crentes, enfatiza a urgência de reconhecer e combater o que é maléfico à humanidade.
O clamor da humanidade
O cardeal Battaglia retratou uma realidade devastadora, descrita como a Terceira Guerra Mundial em pedaços, com exemplos de vidas perdidas em vários conflitos ao redor do mundo. Na Ucrânia, treze mil civis foram eliminados; em Gaza, cinquenta e sete mil vidas foram “apagadas como velas na corrente em vinte e um meses de cerco”; e no Sudão, milhões de pessoas estão em busca de abrigo. “Esses números deveriam gelar o sangue”, afirmou. Cada vida perdida é uma história, uma tragédia que clama por reconhecimento e compaixão. O cardeal lembra que cada número representa uma vida que foi interrompida, uma voz que apenas gostaria de ter um momento de tranquilidade.
Um chamado à ação
O purpurado iniciou um forte apelo aos “governos engomados” e a todos aqueles que ocupam posições de poder. Ele pediu que eles reconheçam a verdadeira humanidade nas políticas que criam e que chamem pelo nome o que é maligno. “Se queres ser um guia e não um leme no caos, detém os comboios carregados de morte antes que atravessem a última alfândega”, exortou Battaglia, sugerindo que é preciso transformar armamentos em ferramentas úteis para a sociedade, como arados e ambulâncias. Ele convocou os que se sentam em seus confortáveis assentos parlamentares a caminhar pelos corredores de um hospital bombardeado, a sentir o peso da responsabilidade e a escutar o silêncio entre a vida e a morte.
Refletindo sobre a verdade
Para Battaglia, o Evangelho é um “espelho implacável” que reflete o que é verdadeiramente humano e denuncia o que é desumano. Ele afirmou que um projeto que esmaga os inocentes não pode ser considerado justo e que leis que não protegem os mais fracos são desumanas. “Enquanto a guerra valer mais que um abraço, estaremos perdidos”, destacou. O cardeal acredita que uma sociedade que coloca o lucro acima da vida e do bem-estar das pessoas está condenada a viver em um ciclo de dor e desespero.
Não desistir da esperança
Concluindo sua poderosa mensagem, Battaglia exortou a população a não desistir da luta pela paz. “A paz brota na sala de estar – um sofá que se alonga; na cozinha – uma panela que se torna duas; na rua – uma mão que se estende”, disse ele. Cada ato de bondade e cada gesto de solidariedade são passos rumo à construção de um mundo melhor. O cardeal enfatizou a importância de escolhas claras na vida: ser “construtores de vida ou cúmplices do mal”. Para ele, não há posição neutra em tempos de conflito.
O apelo do cardeal Battaglia é um lembrete poderoso da necessidade de empatia e ação em um mundo cada vez mais dividido pela guerra e pela violência. Sua mensagem ressoa como um convite a todos nós: refletir sobre nossas escolhas e lutar por um futuro onde a paz e a humanidade prevaleçam.