A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (14) o controverso projeto de lei de cortes de impostos do ex-presidente Donald Trump, enviando a medida ao presidente para sanção. A legislação, que tem potencial de agravar o déficit fiscal e reduzir benefícios sociais, desperta críticas por seus efeitos nocivos para milhões de cidadãos e pelo impacto na saúde pública e na política migratória.
Impactos na saúde pública e na economia
O projeto prevê a redução do financiamento do Medicaid, o programa de assistência médica para populações vulneráveis, introduzindo requisitos de trabalho obrigatórios a partir de 2027. Segundo a Casa Branca, essas mudanças podem deixar milhões de pessoas sem acesso a cuidados essenciais, especialmente em áreas rurais.
De acordo com o Congressional Budget Office, as alterações podem causar uma redução de cerca de US$ 1,5 trilhão no financiamento de programas sociais nos próximos anos, aumentando a pressão sobre hospitais e equipes de saúde pública já sobrecarregados.
Fronteiras de imigração e aumento de gastos militares
Ao mesmo tempo, o projeto destina US$ 150 bilhões para reforçar a política de deportações em massa, incluindo US$ 45 bilhões para novas unidades de detenção e US$ 29 bilhões em contratação de agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE). Esse valor é mais de cinco vezes o orçamento anual da prisão federal dos EUA, refletindo o reforço de uma estratégia de repressão migratória que tem sido alvo de críticas entre defensores dos direitos humanos.
O pacote também autoriza o uso de força policial para acelerar deportações, incluindo ninjas para operações de busca e prisão, além de medidas que podem afetar imigrantes não autorizados já residentes nos Estados Unidos.
Reações e controvérsias na legislação
Deputados democratas condenaram o projeto, afirmando que ele representa uma “traição ao povo” e que favorece os mais ricos enquanto penaliza os mais vulneráveis. “Este projeto é uma afronta à dignidade humana e aos princípios de justiça social”, afirmou a líder democrata Hakeem Jeffries em discurso de quase nove horas na Câmara.
Por outro lado, o líder republicano na Câmara, Mike Johnson, celebrou a aprovação, destacando que a medida promove “um verdadeiro avanço na agenda de Trump e de seus apoiadores”.
Consequências a longo prazo e críticas à narrativa econômica
Apesar das promessas de crescimento econômico, analistas alertam que o projeto irá aumentar o déficit em cerca de US$ 3,4 trilhões ao longo de uma década, agravando a situação fiscal do país. Muitos especialistas discordam das previsões otimistas feitas pelos defensores da reforma, que afirmam que os cortes fiscais irão se pagar por si só.
O Congresso permanece dividido quanto aos impactos fiscais e sociais, enquanto organizações de direitos civis e de saúde pública alertam para os riscos de piora no acesso a serviços essenciais e na proteção dos direitos dos imigrantes.
Próximos passos e possíveis repercussões
Após a aprovação na Câmara, a lei segue para o Senado, onde especialistas avaliam que enfrentará forte resistência devido às suas implicações sociais e econômicas. Mundo afora, analistas acompanham com preocupação a trajetória de uma legislação que poderá aprofundar desigualdades já existentes nos Estados Unidos.
O impacto dessa medida será sentido por anos, com possíveis ondas de protestos e debates públicos sobre os rumos do país. Como destacou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, “este não é só um projeto econômico, é uma questão de moralidade e justiça social”.