Na última segunda-feira, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, revelou em entrevista que Israel teria realizado uma tentativa de assassinato contra ele. A declaração surge menos de um mês após Israel ter protagonizado uma guerra de 12 dias com o Irã, marcada por bombardeios sem precedentes a instalações nucleares e a mortes de altos comandantes militares do país.
Conflito e suas consequências
Os ataques israelenses iniciaram em 13 de junho e resultaram em uma série de consequências devastadoras. Segundo relatórios oficiais, mais de 900 pessoas foram mortas no Irã, enquanto ao menos 28 israelenses perderam a vida em retaliações por parte do governo iraniano. O conflito aconteceu justo antes de um novo ciclo de negociações nucleares entre Teerã e Washington, o que acabou por paralisar as discussões importantes sobre o programa nuclear iraniano.
Ainda segundo Pezeshkian, a tentativa de assassinato ocorreu quando ele se encontrava em uma reunião, onde os israelenses teriam tentado bombardear o local. “Sim, eles tentaram. Agiram de acordo, mas falharam”, comentou em entrevista ao jornalista Tucker Carlson.
Retórica de guerra
Durante o conflito, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deixou em aberto a possibilidade de assassinar o líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, o que poderia, segundo ele, “encerrar o conflito”. Israel e os Estados Unidos atacaram instalações nucleares em locais estratégicos, como Fordo, Isfahan e Natanz, levando a um aumento nas tensões na região.
Pezeshkian criticou a política de Netanyahu, descrevendo-a como uma busca por “guerras eternas” no Oriente Médio. Ele pediu aos Estados Unidos para não se envolverem em um conflito que, segundo ele, não é de sua responsabilidade, mas sim da agenda israelense. “A administração dos EUA deve se abster de se envolver em uma guerra que não é a guerra da América, é a guerra de Netanyahu”, enfatizou.
Possibilidade de retomar negociações nucleares
Em meio às tensões, Pezeshkian reiterou que o Irã está disposto a retomar as negociações sobre seu programa nuclear, desde que seja feita uma reconstrução da confiança entre os países envolvidos. “Não vemos problema em reentrar nas negociações”, declarou, ressaltando que a confiança é fundamental. Ele expressou preocupação sobre a possibilidade de o regime israelense receber permissão para atacar durante as conversas.
Perspectivas futuras e relações com os EUA
O presidente iraniano também comentou sobre um futuro potencial para investimentos americanos no Irã, uma vez que as sanções fossem suspensas. “Não há limitação para que investidores dos EUA venham ao Irã e façam investimentos”, afirmou, sugerindo uma abertura econômica que poderia beneficiar ambos os países.
Pezeshkian deixou clara sua posição sobre as opções que os EUA enfrentam em relação ao Irã. Ele advertiu que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem diante de si duas alternativas: paz ou guerra. “O presidente Trump é capaz de guiar a região para a paz ou se aventurar em uma guerra interminável, a qual Netanyahu deseja que os EUA se envolvam”, concluiu.
Com a trégua entre Irã e Israel ainda em vigor desde 24 de junho, resta-nos observar como essa complexa dinâmica política se desenrolará nos próximos meses, impactando não apenas os países envolvidos, mas toda a estabilidade da região.