O dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira em alta de 0,99%, cotado a R$ 5,4777, enquanto o Ibovespa caiu 1,26%, aos 139.490 pontos. As movimentações representam uma correção após as máximas históricas da semana passada, influenciadas pelo clima de aversão ao risco no mercado internacional.
Impacto das tensões comerciais no câmbio e na bolsa
O ambiente de incerteza foi agravado pelo avanço do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas comerciais, e pela ameaça de sobretaxas de 10% ao grupo do Brics durante reunião no Rio de Janeiro. Essas declarações provocaram uma valorização do dólar frente às principais moedas, com o índice de volatilidade da bolsa americana, VIX, avançando mais de 1%. Já o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas globais, aumentou 0,3%, refletindo o receio dos investidores.
Confirmações de Trump e reações do mercado
Trump anunciou novas tarifas de até 25% contra países como Japão e Coreia do Sul, além de ameaçar sobretaxar os membros do Brics, que estavam reunidos no Rio. Segundo analistas, essas ameaças afetam a percepção de risco dos investidores, pressionando o real e aumentando a volatilidade do mercado.
Bruno Shahini, especialista da Nomad, destacou que o real sofre pressão adicional por ser parte do grupo reunido nesta tarde. “Essas ameaças diretas elevam a percepção de risco, levando o dólar a subir e o mercado acionário a recuar”, disse.
Projeções e impacto na economia americana
De acordo com Alison Correia, analista da Dom Investimentos, o mercado reagiu às sinalizações feitas por Trump nos últimos dias, incluindo cartas enviadas a países com déficit comercial com os EUA. Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, acrescenta que o prazo de 90 dias estabelecido após o “Liberation Day”, em abril, está perto de expirar, o que pode reforçar o efeito negativo sobre a atividade econômica dos EUA.
Especialistas alertam que tarifas mais altas podem pressionar a inflação americana de duas formas: pelo aumento do custo dos bens importados e pela mudança no comportamento de consumo, elevando os preços internos. O impacto inflacionário pode levar o Federal Reserve a adotar uma postura de cautela na condução da política monetária, com possíveis elevações nos juros.
Perspectivas para o real e o cenário doméstico
André Valério, economista do Inter, observa que o movimento de desvalorização do real nesta segunda foi influenciado pelo término do prazo para negociações com países afetados pelos tarifões. “Apesar das tarifas terem se mantido elevadas, o diferencial de juros entre Brasil e EUA ajuda a limitar uma depreciação mais forte do moeda brasileira”, afirmou.
No cenário interno, há atenção à disputa em torno do IOF. Após a derrubada do plano fiscal pelo Congresso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu decretos relacionados ao imposto. Uma audiência está marcada para o dia 15 de julho, buscando um entendimento sobre o tema.
Esses eventos evidenciam a volatilidade do momento, com o mercado tentando precificar as tensões comerciais globais e os fatores internos que podem afetar a economia brasileira.
Fonte: O Globo