Na última segunda-feira (7), Danúbia de Souza Rangel, ex-mulher do traficante Nem da Rocinha, passou por uma audiência de custódia que gerou grande repercussão nas redes sociais e na mídia. Ela foi presa no sábado (5), momentos após dar à luz a uma menina em uma maternidade particular na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com um histórico de condenações, a defesa solicitou prisão domiciliar, alegando que a recém-nascida apresenta Síndrome de Down, mas a Justiça decidiu pela manutenção da prisão.
O desabafo de Danúbia
A escolha de Danúbia de não se entregar à polícia antes do parto gerou discussões. Em um vídeo gravado na maternidade, a ex-mulher do traficante afirmou que tomou a decisão para preservar a vida dela e da filha, que estava em posição pélvica, considerada perigosa. “Eu não estou pedindo pra ninguém fazer nada além do justo. Um recém-nascido que está precisando da mãe, de amor, de carinho,” defendeu Danúbia em seu desabafo.
A situação se complica ainda mais com o diagnóstico da criança, que só foi conhecido no parto. “Eu ganhei neném tem dois dias e não tô tendo paz,” lamentou. A pressão sobre ela aumenta ao saber que terá que retornar ao sistema penitenciário, mesmo com a filhinha a seu lado, necessitando de cuidados especiais.
Condenações anteriores e suas consequências
A prisão recente de Danúbia está ligada a uma condenação por lavagem de dinheiro, processo que ela respondia desde 2017. Após cumprir pena por associação ao tráfico e corrupção ativa, ela estava em liberdade desde janeiro do ano passado. Contudo, um novo mandado de prisão foi expedido em junho após a condenação final. A pena inicial é de 9 anos e 4 meses em regime fechado.
A defesa alega que Danúbia, como mãe, deve ter o direito de cuidar da filha em casa e não em um ambiente prisional. “A criança nasceu com Síndrome de Down e requer cuidados adequados,” foi apresentado pela defesa como um dos argumentos para a solicitação de prisão domiciliar.
A decisão da Justiça
Embora o juiz de plantão tenha considerado o pedido e a situação delicada da criança, decidiu pela manutenção da prisão. O contexto da vida de Danúbia, marcada por altos e baixos desde a sua primeira condenação, permanece em julgamento. A audiência de custódia trouxe a oportunidade para a defesa tentar demonstrar a necessidade de cuidados maternos em um ambiente seguro para a recém-nascida.
Danúbia já havia enfrentado dificuldades no sistema penitenciário, onde passou mais de 8 anos em regime fechado. Sua soltura em 2022 trouxe esperanças, mas agora a realidade é novamente sombria, com a necessidade de atender as demandas de uma mãe que se vê sem opções. “Eu tenho que fazer um monte de exame nela,” disse Danúbia, em referência aos cuidados médicos que a bebê requer.
Expectativas e repercussões sociais
Esse caso levanta questões sociais profundas sobre a maternidade, as condições das mulheres no sistema penal brasileiro e os direitos das crianças com necessidades especiais. A sociedade se divide entre aqueles que veem Danúbia como uma mãe que merece a chance de cuidar de sua filha e aqueles que consideram que a justiça deve prevalecer em relação ao seu histórico criminal.
Após essa situação em que uma mãe é confrontada com suas obrigações parentais e responsabilidade legal, a comunidade clama por soluções que considerem não apenas a justiça punitiva, mas também a dignidade e os direitos de todos os envolvidos. A questão permanece aberta, enquanto Danúbia aguarda o futuro incerto atrás das grades.
O caso tem atraído a atenção da mídia, e muitos se perguntam como a justiça brasileira lidará com temas tão sensíveis que tocam a vida de famílias e crianças em vulnerabilidade. As futuras audiências e decisões podem muito bem determinar o rumo dessa história, que, por ora, ainda se desenrola sob a sombra da incerteza.