Brasil, 16 de julho de 2025
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Adolescente é acusado de assassinar família influenciado por namorada virtual

Relacionamento virtual resultou em tragédia em Itaperuna (RJ), levantando preocupações sobre a segurança dos jovens na internet.

Um relacionamento aparentemente inocente entre dois adolescentes pela internet se transformou em um caso criminal chocante em Itaperuna, no estado do Rio de Janeiro. Um adolescente de apenas 14 anos foi acusado de assassinar sua família, motivado por influências de sua namorada virtual. Os crimes, que resultaram na morte de três pessoas da mesma família, levantam uma discussão crítica sobre os perigos associados a relacionamentos digitais entre menores.

Entenda o caso do adolescente que matou a família

O jovem foi detido na quarta-feira (25/6) após confessar o assassinato de seu pai, mãe e irmão enquanto eles dormiam. De acordo com a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), um dos fatores que levou ao crime foi o seu impedimento de ir a um encontro em outro estado com a garota com quem se relacionava virtualmente desde os 8 anos. O casal se conheceu através de um jogo online e, ao ver a viagem proibida, o adolescente decidiu agir.

Quando seus pais dormiram, ele pegou uma arma que havia escondido debaixo da cama e disparou contra seus familiares. Após o crime, o menor tentou ocultar os corpos colocando-os em uma cisterna na casa. A tragédia foi descoberta quando a avó do adolescente foi até a delegacia registrar o desaparecimento dos familiares. Durante as investigações, policiais sentiram um odor forte que levou à descoberta dos corpos. O menor acabou confessando o crime.

A namorada virtual do adolescente, de 15 anos, também foi interrogada e revelou indícios de que também cogitava assassinar sua própria mãe.

Perigos do webnamoro e a influência das relações digitais

A educadora parental Priscilla Montes analisa que o aumento de relacionamentos virtuais entre adolescentes pode ser um reflexo da falta de vínculos afetivos em casa. Segundo ela, a ausência de carinho familiar leva os jovens a buscarem afeto em lugares fora do lar, como na internet.

“Adolescentes criados em ambientes com medo ou ausência de afeto tendem a ver a internet como um espaço seguro. Ali, o relacionamento à distância traz uma sensação de escape emocional, mas isso também é um pedido de socorro não verbalizado”, diz Priscilla.

Posicionamento das plataformas de comunicação

Diante do caso, o Metrópoles entrou em contato com principais plataformas de comunicação no Brasil. A Meta, proprietária do WhatsApp, Instagram e Facebook, optou por não se manifestar. Já o Discord, popular entre jovens gamers, esclareceu que a plataforma não permite a criação de servidores para namoros entre adolescentes, reafirmando seu compromisso com a segurança dos usuários.

“Estamos constantemente aprimorando nossos esforços de segurança, investindo em ferramentas avançadas de moderação para proteger nossos usuários. Isso inclui iniciativas específicas para adolescentes, como alertas de segurança e filtros para conteúdos sensíveis”, declarou um porta-voz do Discord.

Segurança e riscos no ambiente digital

Rodrigo Fragola, especialista em cibersegurança, destaca as armadilhas do webnamoro. Segundo ele, a Inteligência Artificial pode ser usada para a criação de perfis falsos, somando-se a riscos como manipulação emocional e extorsão. “Muitos adolescentes não percebem os perigos envolvidos e podem se ver em situações de risco, como desafios virais perigosos”, alerta Fragola.

O especialista recomenda que os pais monitorem o uso da tecnologia e fomentem um ambiente de diálogo sobre os riscos e responsabilidades no mundo digital. “Precisamos nos capacitar como pais e educadores para proteger os adolescentes nesse cenário complexo”, completa.

Falta de diálogo e relações frágeis

Priscilla Montes ainda ressalta que adolescentes que vivenciam negligência ou trauma emocional são mais propensos a se envolver em relacionamentos virtuais. “Quando essas crianças sentem que não são o suficiente, qualquer atenção, por menor que seja, se torna afeto”, explica. A educadora enfatiza que, além da presença digital, a presença real e o diálogo são fundamentais para prevenir tragédias.

“Mais do que condenar, os pais devem estar presentes. No fundo, o que todo adolescente procura é pertencimento e aceitação. Educar é construir presença, proteção e cuidado”, conclui Montes.

Este caso em Itaperuna é um alerta sobre a necessidade de supervisão e diálogo nas relações digitais entre adolescentes, destacando os perigos que podem surgir quando laços afetivos não são adequadamente nutridos no ambiente familiar.

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