Brasil, 6 de julho de 2025
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Vegetarianismo: estudo revela valores diferentes em relação a onívoros

Um estudo recente desafia estereótipos ao mostrar que vegetarianos valorizam mais poder e sucesso do que pessoas que comem carne.

Um novo estudo realizado na Polônia e nos Estados Unidos está mudando a percepção comum sobre os vegetarianos. Tradicionalmente vistos como pessoas mais solidárias e preocupadas com a bondade e a harmonia social, a pesquisa mostra que aqueles que optam por uma dieta à base de plantas podem ter valores que priorizam o poder, a realização pessoal e a individualidade. Publicado no periódico PLOS ONE, a investigação incluiu mais de 3.700 participantes e apontou que vegetarianos têm menos interesse por valores como benevolência, segurança e conformidade em comparação com seus pares que consomem carne.

Desafiando estereótipos sobre os vegetarianos

A pesquisa, que incluiu indivíduos nos Estados Unidos e na Polônia, questionou os participantes sobre seus valores fundamentais utilizando um modelo psicológico bem estabelecido. Os resultados indicaram que, ao contrário da ideia comum de que vegetarianos são essencialmente altruístas e solidários, eles frequentemente demonstram maior interesse em questões relacionadas ao poder e ao sucesso. “Esses resultados sugerem que seguir uma dieta vegetariana pode ser visto como uma expressão de valores que enfatizam a independência e a individualidade. Isso contrasta com a maneira como o vegetarianismo é frequentemente discutido”, afirma o autor do estudo, John Nezlek, professor da Universidade SWPS na Polônia.

Os vegetarianos neste estudo se mostraram menos preocupados com valores de conservação e tradição, que envolvem manter normas sociais e preservar a estabilidade do grupo. Essa tendência foi particularmente significativa na amostra polonesa, onde a conformidade com normas sociais é um elemento cultural mais pronunciado. No entanto, os resultados foram diferentes nos Estados Unidos, onde as diferenças quanto à tradição não foram consideradas estatisticamente significativas.

Por que vegetarianos valorizam poder e sucesso?

Uma das descobertas mais surpreendentes do estudo foi que os vegetarianos valorizam mais o poder e a realização pessoal do que os onívoros. No modelo psicológico de Schwartz, poder é definido como a busca por controle e domínio sobre pessoas e recursos, enquanto a realização diz respeito ao sucesso pessoal medido em termos de competência social.

Estudos anteriores já indicaram que as mulheres tendem a ser mais vegetarianas do que os homens, reforçando estereótipos de gênero que associam as mulheres à cuidados e empatia. No entanto, este estudo sugere que os vegetarianos podem, na verdade, ser percebidos como mais “masculinizados” do que seus semelhantes onívoros, pois valorizam traços típicos associados a características masculinas, como poder e sucesso.

A pesquisa também revelou que, em comparação com os onívoros, os vegetarianos demonstraram uma preocupação significativamente menor com a conformidade, ou seja, a restrição de ações que possam perturbar as normas sociais. Isso faz sentido, considerando que o vegetarianismo continua sendo uma escolha de estilo de vida minoritária na maioria dos países ocidentais. Frequentemente, essa decisão vem acompanhada de pressões sociais e críticas, que podem demandar coragem e compromisso com os próprios princípios.

Valores vegetarianos variantes por país

Embora a pesquisa tenha mostrado consistência em muitos valores, os dados revelaram diferenças importantes entre as culturas. A auto-direção, que se refere à valorização do pensamento e da ação independentes, apresentou tendências opostas: enquanto vegetarianos americanos avaliam a auto-direção como menos importante em relação aos onívoros, vegetarianos poloneses mostraram o contrário.

Esses resultados desafiam a impressão de que o vegetarianismo é sempre impulsionado por compaixão ou um forte senso de comunidade. Embora vegetarianos costumem se preocupar com o bem-estar animal e questões ambientais, essas preocupações parecem surgir mais de um pensamento independente e da disposição para se distanciar da maioria.

O estudo inclui algumas limitações, como o fato de ser transversal, o que impede a determinação de causalidade entre valores e escolhas alimentares. Além disso, concentrou-se em duas culturas específicas, sendo necessária uma pesquisa futura projetada para analisar essas variações de maneira mais abrangente.

Essa nova perspectiva sobre o vegetarianismo, alinhada a questões de poder e autoafirmação, pode ajudar a desmistificar a imagem dos vegetarianos como apenas defensores do bem-estar e a expandir a compreensão das motivações por trás de suas escolhas alimentares.

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