Brasil, 6 de julho de 2025
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Nany People reflete sobre carreira e lança nova biografia

Nany People compartilha experiências e desafios em sua nova biografia, refletindo sobre carreira e resistência.

Nany People, uma das figuras mais icônicas do cenário artístico brasileiro, lançou no início de junho a segunda parte de sua biografia, intitulada “Ser Mulher Não É Para Qualquer Um: A Saga Continua”. A obra revisita dez anos significativos de sua trajetória, marcada por superações e amadurecimento. Durante uma entrevista exclusiva ao iG Gente, Nany compartilhou suas reflexões sobre a vida, o envelhecimento e sua busca por autonomia no mundo da arte.

Uma nova perspectiva de vida

A artista relembra que sua visão de mundo mudou profundamente ao longo de sua jornada. “Eu acho que estou mais contemplativa e muito agradecida por tudo que a vida tem me dado”, disse Nany. Em seu livro, ela explora não apenas seus feitos no teatro, na televisão e na música, mas também os desafios enfrentados como mulher trans em um país que ainda lida com o preconceito.

“Uma vida de mulher trans no Brasil, sem fazer militância, não passa de 35 anos. Então eu sou fora da curva”, afirma, ressaltando a importância de se afirmar no cenário cultural e artístico, apesar dos obstáculos. A biografia serve como um manifesto de resistência e um tom de encorajamento para aqueles que se sentem invisíveis ou marginalizados.

Crítica ao etarismo no Brasil

Nany People não hesita em criticar a cultura do etarismo que permeia a sociedade brasileira. “O Brasil é o país que mais vai ter gente madura daqui para frente e cada vez mais emburrecidamente ele cultua a juventude”, afirma. Aos 60 anos, ela vê o desdém por artistas veteranos e reflete sobre a falta de reconhecimento da trajetória dos que vieram antes.

Em uma metáfora poderosa, Nany compara a construção da carreira de um artista à construção de uma casa: “É igual construir uma casa e ouvir: ‘Ah, você devia ter colocado a escada do outro lado’. Ninguém sabe o que você gastou com pedreiro, cimento, projeto…” Essa falta de respeito pela história e pela experiência dos artistas a incomoda profundamente.

Teatro como sustento e amor

Desde os anos 1980, o teatro é o lar e a fonte de sustento de Nany. “O teatro foi o melhor marido que eu podia ter. Ele me ouve, me acolhe e ainda paga minhas contas”, diz, ressaltando a importância da arte em sua vida. A atriz demonstra grande orgulho de ter seguido seu caminho, recusando-se a depender de outros. “Eu não espero o mercado me chamar. Eu monto meus espetáculos”, declara.

Essa independência e determinação são características marcantes de sua trajetória. “Minha vida toda foi apostada em cima do não. Não pode, não é comum, não é viável. E eu sempre respondi: por que não?” Ela salienta que, apesar dos desafios, sua paixão pelo teatro nunca diminuiu.

Um livro divertido e reflexivo

A nova biografia é um relato íntimo e divertido dos últimos dez anos da vida de Nany. “É um livro divertido que fala de forma confessional sobre uma pessoa que não deixou de ousar sendo quem é”, resume. Por meio de seu relato, Nany compartilha constatações, frustrações e conquistas. “Mesmo com todas as pedras no caminho, eu sempre vejo o bom lado da vida”, afirma, destacando que o otimismo é uma escolha.

Ela enfatiza a importância de fazer as pazes com o envelhecimento: “Minha filha, pode fazer 50, 60, 70, faça as pazes com o tempo. Porque a cabeça para nos 30 e o corpo para dali pra baixo”. O livro não só documenta sua trajetória, mas também serve como um legado para futuras gerações.

Valorização da cena drag

Nany People ainda destaca a importância da “Gongada Drag”, um espetáculo que resgata e valoriza artistas drag veteranas. “Eu acho maravilhoso o que o Bruno tá fazendo. Me convidou desde a primeira Gongada”, comenta, refletindo sobre a importância de mesclar novas e antigas gerações na cena artística. Contudo, oferece uma crítica construtiva ao espetáculo: “Rir é que nem transar, uma hora cansa.”

Com sua vasta experiência e coragem, Nany People continua a desbravar novos caminhos no mundo da arte. “Desafio o mundo desde que saí da barriga da minha mãe. Agora, aos 60, não querem que eu fique bem para a idade? Eu sou uma exceção à regra”, afirma com convicção.

Nany People, em sua essência, é um exemplo de resistência e amor pela arte, mostrando que a idade é apenas um número quando se trata de seguir os próprios sonhos e enfrentar os desafios que a vida traz. Confira mais sobre Nany People e sua trajetória.

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