A volatilidade na política dos Estados Unidos fez gestores globais buscarem alternativas, elevando o desempenho dos títulos de países emergentes na primeira metade de 2025, o melhor desde 2009.
Reforço na confiança devido à fraqueza do dólar
O aumento na demanda por ativos de renda fixa em moedas de mercados emergentes reflete a forte queda do dólar, que perdeu quase 11% neste ano — seu pior desempenho desde os anos 1970.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, o índice de dívida local desses mercados teve retorno superior a 12% no primeiro semestre, superando os títulos em moedas fortes, que tiveram alta de 5,4% no mesmo período.
Impactos e expectativas do mercado
“Ninguém esperava uma fraqueza tão significativa do dólar”, afirmou Edwin Gutierrez, chefe de dívida soberana de mercados emergentes na Aberdeen Group Plc. “Achávamos que a dívida em moeda local superaria a em moeda forte, mas na proporção que ocorreu, surpreendeu positivamente.
O fluxo de recursos também foi recorde: fundos de dívida de mercados emergentes atraíram mais de US$ 21 bilhões neste ano, com entradas semanais constantes, chegando a US$ 3,1 bilhões na semana encerrada em 2 de julho, conforme o Bank of America.
Perspectivas e estratégias dos investidores
Especialistas destacam que as perspectivas de cortes nas taxas de juros nos países em desenvolvimento reforçam o otimismo. Lewis Jones, gestor de dívida da William Blair Investment Management, explicou que os bancos centrais dessas nações terão maior espaço para reduzir juros, tornando os mercados emergentes mais atraentes para investidores europeus.
“Esperamos que essa tendência de enfraquecimento do dólar continue, beneficiando regiões como América Latina, Ásia e África”, ressaltou Jones.
Exemplos de ganhos e reavaliações
As economias latino-americanas lideraram as rentabilidades, com títulos do México, conhecidos como Mbonos, apresentando ganhos de 22%, e alguns papéis brasileiros ultrapassando 29%. Os títulos brasileiros se recuperaram após fortes perdas no fim de 2024, com investidores apostando que o ciclo de alta dos juros acaba por ali.
Adriana Cristea, gestora na Pictet Asset Management, afirmou que a posição em títulos mexicanos permanece forte, com a estratégia envolvendo diversificação em mercados em recuperação, como América Latina, Europa, Oriente Médio e Ásia.
Futuro dos mercados emergentes
A melhora nos fatores econômicos e a redução das tensões internacionais, como entre Israel e Irã, podem levar à retomada de novas emissões, como as de Gana, maior produtor de ouro da África, que planeja retomar suas operações de títulos domésticos ao final de 2025.
Apesar do forte crescimento, analistas permanecem cautelosos, destacando que o processo de reavaliação da exposição aos EUA deverá se prolongar por vários anos, com investidores ajustando suas estratégias de acordo com as mudanças no cenário internacional.
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