Brasil, 6 de julho de 2025
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Insatisfação com Lula 3 ameaça hegemonia petista no Nordeste

A decepção de eleitores em Salvador pode impactar resultados das eleições de 2026.

O clima político no Nordeste, tradicionalmente considerado o reduto do PT, começou a se deteriorar desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A insatisfação de eleitores nordestinos, notadamente em Salvador, foi expressa por muitos que se sentem abandonados após a expectativa de melhorias em suas vidas não se concretizarem.

Eleitores expressam descontentamento

Cleber Silva, de 44 anos, garçom de um restaurante no bairro Dois de Julho em Salvador, é um dos muitos que se sentem desapontados com o atual governo. Após votar três vezes em Lula, ele diz que sua vida não melhorou desde a posse do presidente em 2023. “Acreditei que minha vida iria melhorar, mas, nos últimos anos, foi o contrário. Meu dinheiro não dá para nada e passo dias à base de remédio para dormir, por conta do tiroteio constante na favela”, afirmou Cleber. Essa insatisfação se reflete no aumento da crítica à gestão do PT e uma potencial mudança de voto nas próximas eleições.

A desilusão de Cleber é compartilhada por outros moradores da capital baiana. Os entrevistados relatam uma sensação de desconexão com a administração Lula, especialmente em relação a promessas não cumpridas e ao aumento do custo de vida, que inclui a alta nos preços dos alimentos e a instabilidade da segurança pública. Os eleitores sentem que a distância entre eles e o Palácio do Planalto aumentou desde o histórico dos mandatos anteriores de Lula (2003-2010).

Razões para as críticas

À medida que a desilusão cresce, a insatisfação se torna mais articulada. Segundo pesquisas de opinião, a taxa de aprovação do governo Lula no Nordeste caiu 13 pontos percentuais em apenas seis meses – uma mudança significativa que reflete a sensação de que o governo não está em sintonia com as necessidades locais. Entre os fatores citados por eleitores, constam a falta de ações efetivas em questões importantes, como o escândalo do INSS, o aumento de impostos e uma percepção umumovida de que as políticas públicas não estão beneficiando a população.

Giselle Improta, de 37 anos, desempregada e vivendo de bicos, expressa seu desagrado de forma contundente. “Acreditei que o Bolsa Família iria aumentar, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, só fala em corte de gastos e aumento de impostos. Não voto mais no Lula nem a pau”, disse a jornalista a um repórter do Globo. Esse sentimento de traição em relação às expectativas geradas durante a campanha é uma marca que muitos eleitores carregam.

A visita presidencial à Bahia

Recentemente, Lula fez uma visita a Salvador, seu maior colégio eleitoral no Paraná, durante as celebrações da Independência da Bahia. No entanto, a jornada ocorre em um contexto onde sua popularidade despencou no Nordeste, onde frequentemente se apoiou em sua trajetória política. A presença de Lula em Salvador não foi suficiente para apagar a desconfiança e o desencanto de seus apoiadores. Para muitos, a visita parecia mais uma formalidade do que uma oportunidade para reconquistar a confiança dos cidadãos.

Polarização e a busca por novas alternativas

À medida que as eleições de 2026 se aproximam, fica evidente que uma atitude indiferente em relação ao cenário político atual pode ter consequências. Apesar das críticas, muitos dizem que ainda votarão em Lula como uma forma de evitar que uma figura da direita, associada ao bolsonarismo, retorne ao poder. Esse fenômeno revela a polarização que ainda existe na política brasileira, onde o medo do retorno de figuras como Jair Bolsonaro pesa na decisão de voto.

A insatisfação com os dois lados da polarização política, no entanto, deve ser considerada. Cidadãos como Luiz Claudio Jesuíno, de 36 anos, expressam descontentamento com a falta de opções além do “petismo ou do bolsonarismo” e muitos afirmam que estão dispostos a pagar multas para não comparecer às eleições, preferindo anular seus votos ao invés de escolher entre opções que consideram ruins.

Perspectivas futuras

De acordo com Cláudio Couto, cientista político da FGV, a possibilidade de aumento da abstenção e do voto nulo é uma reação bem pensada a um cenário que não se parece com o que muitos eleitores esperavam. Com a ascensão de um sentimento mais direto contra ambos os lados da polarização, a pergunta que resta é se algum candidato fora do escopo atual poderá emergir e se tornar a alternativa que muitos eleitores buscam.

Façamos retomar a crença no futuro político do Brasil, mas a trajetória da política baiana e brasileira no cenário atual deixa dúvidas sobre o que os próximos anos poderão trazer em termos de liderança e governança. Enquanto isso, a população continua abrindo novos caminhos para expressar suas vozes nas urnas.

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