Brasil, 6 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

IA facilita uso ilegal de conteúdo jornalístico sem autorização

Plataformas usam inteligência artificial para capturar, reprocessar e redistribuir materiais de imprensa sem consentimento ou pagamento aos produtores.

Na ausência de uma regulamentação específica sobre o uso de inteligência artificial (IA) no Brasil, veículos de imprensa enfrentam novos desafios com plataformas que arrayam, resumem e redistribuem material jornalístico sem autorização nem remuneração. A prática, crescente em diversos países, questiona os direitos autorais de jornalistas e veículos tradicionais.

Uso de conteúdo protegido por IA e seus limites legais

No Brasil, embora ainda não exista uma legislação específica para a IA, juristas defendem que a Lei de Direitos Autorais e o Código Civil oferecem respaldo para responsabilizar plataformas que lucram com essa prática. Segundo especialistas, a atividade viola direitos, já que o uso de textos protegidos para treinamentos de sistemas de IA, como ChatGPT e Gemini, sem autorização, extrapola limites legais.

Nos Estados Unidos, veículos como The New York Times e Forbes já processam empresas do setor tecnológico por uso indevido de reportagens em sistemas geradores de conteúdo. “A legislação brasileira também protege o conteúdo original, especialmente quando há lucro envolvido”, afirma Luciana Minada, advogada especialista em propriedade intelectual e sócia do escritório Kasznar Leonardos.

Plataformas automatizadas e raspagem de notícias

Algumas plataformas utilizam técnicas digitais como o scraping — robôs que vasculham sites em busca de textos e metadados, acessando feeds RSS públicos ou APIs de forma indireta — para captar conteúdo de veículos tradicionais. Após a coleta, o material é processado por modelos de linguagem, que reescrevem e resumem reportagens, muitas vezes alterando ou omitindo a fonte original, sem autorização.

Exemplos no Brasil incluem sites como o Notjournal, que distribui notícias por WhatsApp com conteúdo reorganizado por IA, muitas vezes atribuindo o logotipo de veículos sem respaldo legal. Essa prática aumenta o risco de invasões ao paywall e violações de direitos autorais, segundo advogados especialistas.

Impacto econômico, ético e político da prática

A expansão dessa atividade clandestina surge paralelamente à corrida global pela IA, que promove mudanças na guerra política e na economia das plataformas digitais. Segundo o professor de Direito Empresarial Luiz Friggi, “os fatos parecem cotidianos, mas a forma de comunicação viola a proteção do estilo e assinatura de jornalistas e veículos.”

Além do uso indevido de conteúdo, plataformas como o Notjournal, que exibem logotipos de veículos de imprensa como estratégia de credibilidade, vêm usando a tecnologia para burlar mecanismos de proteção, como o protocolo “robots.txt”, que normalmente impede raspagem automática. Investigação da revista Wired revelou que o sistema Perplexity, por exemplo, burlou esse protocolo para reproduzir matérias da revista Forbes sem crédito.

Desafios legais e o futuro da regulamentação

Embora o projeto de regulamentação da IA esteja em tramitação no Congresso, especialistas alertam que empresas têm adotado ações ilegais para aproveitar o conteúdo jornalístico, muitas vezes mudando nomes e hospedagem para evitar ações.

Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais, afirma: “Essa atividade clandestina permite duplicar conteúdos com custos mínimos, prejudicando o setor e infringindo direitos.” A discussão sobre a necessidade de uma legislação clara e eficaz continua entre advogados, veículos e entidades de mídia.

Perspectivas e respostas do setor

Entidades jornalísticas e plataformas têm buscado alternativas para proteger seu conteúdo e garantir remuneração justa. Como resposta, plataformas como o Diário do Povo afirmam que suas soluções respeitam veículos profissionais, atribuem créditos e direcionam leitores às fontes originais, contribuindo para a ética digital.

Por outro lado, a crescente criminalização do uso não autorizado de conteúdo reforça a necessidade de uma regulamentação que acompanhe o avanço tecnológico e resguarde os direitos dos jornalistas.

Mais detalhes sobre o uso da IA e os desafios jurídicos estão disponíveis na matéria completa no site do Globo.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes