Na quinta-feira (25), a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou por 218 votos contra 214 a lei que promove cortes tributários e reforça medidas de deportação, enviando o projeto ao presidente Donald Trump para assinatura. A iniciativa, considerada uma das mais controversas do governo, tem impacto direto na saúde, economia e na política migratória do país.
Medidas fiscais favoráveis aos mais ricos e aumento da dívida pública
O projeto de lei mantém e amplia os cortes de impostos de Trump realizados em 2017, estimados em US$ 4,5 trilhões. Essa política fiscal beneficia principalmente famílias de alta renda, enquanto provoca aumento significativo na dívida nacional, com previsão de novos US$ 3,4 trilhões em endividamento, segundo analistas. Os custos são parcialmente compensados por cortes de mais de US$ 1 trilhão em programas sociais, como assistência alimentar e saúde.
Para o líder democrata Hakeem Jeffries, o pacote representa uma afronta aos princípios de justiça social: “Este projeto é cruel, covarde e uma traição aos valores que o país deveria defender”, afirmou em discurso na Câmara.
Profunda desproteção social e cortes à assistência social
O projeto restringe o acesso ao Medicaid, principal programa de saúde para famílias de baixa renda, impondo novos requisitos de trabalho aos beneficiários adultos. A implementação dessas mudanças ficará para o orçamento de 2027, mas a expectativa é de impacto imediato, com US$ 150 bilhões destinados à agência de imigração, Immigration and Customs Enforcement (ICE), para fortalecer a política de deportação. Inclui-se ainda US$ 45 bilhões para novos centros de detenção e US$ 29 bilhões para contratação de agentes.
Críticos alertam para a militarização das ações de ICE e o risco de ameaças aos direitos civis, como afirmou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez: “Transformar o ICE em força paramilitar representa uma ameaça profunda à sociedade americana.”
Impactos na imigração e na segurança
Além dos cortes, o projeto prioriza a deportação de imigrantes sem autorização, incluindo recursos para ampliar significativamente as operações de detenção e expulsão de cidadãos natos, uma proposta que tem gerado amplo debate no Congresso. Vice-presidente JD Vance destacou que “todo o restante do projeto é insignificante frente às cifras destinadas à execução de deportações em massa”.
Reações e resistência parlamentar
O voto na Câmara foi marcado por conflitos internos, com alguns deputados republicanos votando contra por discordarem de alterações feitas pelo Senado, que aumentaram o custo da proposta. Muitos líderes democratas denunciaram o projeto como um ataque à saúde pública e ao bem-estar social, incluindo a afirmação de que a legislação pode “effectively end Medicaid as we know it”, ou seja, acabar efetivamente com o Medicaid como país conhece.
Moderados republicanos expressaram preocupação com os cortes em programas sociais, contudo, apenas o deputado David Valadao foi firme na oposição, votando contra a proposta. O líder republicano, Mike Johnson, argumenta que as mudanças representam uma atualização para um sistema fiscal mais sustentável, embora a avaliação de especialistas seja de que o projeto aumenta desigualdades e vulnerabilidades do sistema social americano.
Perspectivas futuras e repercussões
Agora, o projeto seguirá para assinatura de Trump, que deve aprová-lo, consolidando uma agenda de cortes fiscais e fortalecimento de políticas de imigração. Analistas alertam que o aumento do endividamento e os cortes sociais podem impactar negativamente setores essenciais, como saúde e educação, além de aprofundar divisões no país.
O futuro da legislação dependerá das próximas ações do Executivo e da reação do Congresso, mas a oposição promete continuar combatendo possíveis retrocessos no âmbito social e civil. Assim, o panorama político dos EUA permanece marcado por debates acalorados sobre as prioridades do governo e seus efeitos na vida dos cidadãos.