O Grupamento Aquático da Guarda Civil Municipal (GCM) de Piracicaba, criado em resposta a uma tragédia ambiental que devastou a fauna local, encontra-se inativo. O episódio, que ocorreu em julho de 2024, resultou na morte de 235 mil peixes, afetando gravemente a Área de Proteção Ambiental do Rio Piracicaba-Tanquã.
A tragédia ambiental e suas consequências
Em julho de 2024, um despejo poluente realizado por uma usina causou um desastre ecológico que se estendeu por 70 quilômetros da região. Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a área atingida abriga pelo menos 735 espécies de animais, os quais enfrentam um longo caminho de recuperação que pode levar até nove anos.
Após o desastre, a gestão da prefeitura anterior anunciou a criação de um Grupamento Aquático, que tinha como propósito a fiscalização e proteção do manancial, em colaboração com outras entidades. Durante o curto período de três meses em que o grupamento esteve ativo, foram registradas 18 ocorrências, incluindo casos de mortes de peixes e vazamentos de esgoto.
Questões burocráticas impedem a atuação do grupamento aquático
Atualmente, o Grupamento Aquático está inativo devido a “questões burocráticas legais”, conforme informações obtidas pela Lei de Acesso à Informação. Um convênio necessário com a Marinha do Brasil foi rejeitado pela Câmara Municipal em novembro de 2024, o que impossibilitou a legalização da atuação do grupamento nas águas do Rio Piracicaba. Este bloqueio levantou debates acalorados entre os vereadores sobre o impacto financeiro que a formalização do convênio poderia trazer à população.
Enquanto alguns vereadores temiam a oneração da comunidade, outros defendiam a importância do grupamento para garantir a segurança e a saúde ambiental da região. A proposta de convênio havia sido enviada em caráter de urgência, o que limitou o tempo para discussões mais amplas.
Atuação limitada do Grupamento e futuro incerto
Por conta da falta de equipamentos adequados, a atuação do grupamento se restringiu a atividades terrestres, as quais eram também realizadas pelo Pelotão Ambiental da Guarda Civil. A administração municipal esclareceu que a ausência de compras de novos equipamentos impediu uma operação aquática efetiva.
A Secretaria de Segurança Pública, Trânsito e Transportes comentou que o Pelotão Ambiental continua no território, mas suas atividades abrangem uma vasta gama de demandas, incluindo a proteção do meio ambiente e a manutenção da ordem. Os cidadãos podem relatar problemas ao Pelotão através dos números disponibilizados pela prefeitura.
Os dados do desastre ambiental
O impacto ambiental no Rio Piracicaba gerou estatísticas alarmantes. A CETESB estima que 253 mil peixes perderam a vida no ocorrido, somando cerca de 50 toneladas em peso. Os testes realizados na água revelaram a ausência quase total de oxigênio, tornando o ambiente inóspito para a fauna aquática. Além disso, a água apresentava um forte odor e coloração escura, características que indicavam a presença de poluentes industriais.
O desastre não apenas afetou a vida aquática, mas também impactou a atividade de mais de 50 pescadores que dependem do rio para sua subsistência. Em resposta à gravidade da situação, a CETESB impôs uma multa de R$ 18 milhões à empresa responsável pelo incidente, considerando a poluição intensa e a omissão na comunicação sobre o ocorrido.
A busca pela recuperação
Embora a recuperação do ecossistema do Rio Piracicaba seja uma tarefa complexa e demorada, especialistas afirmam que são necessárias medidas imediatas para evitar novos desastres. A inatividade do Grupamento Aquático levanta preocupações sobre a efetividade das estratégias de proteção ambiental na região e destaca a necessidade de um planejamento mais robusto por parte da administração pública.
A proteção do Rio Piracicaba e de sua rica biodiversidade é uma responsabilidade coletiva. A sociedade civil, junto aos órgãos governamentais, deve se unir para garantir que tragédias como essa não voltem a ocorrer. Sem a reativação do Grupamento Aquático e a implementação de políticas eficazes, o futuro do rio e dos seus habitantes permanece incerto.
Para mais informações sobre as condições do rio e as iniciativas de proteção ambiental, a população é incentivada a acompanhar as atualizações na página do g1 Piracicaba.