Brasil, 6 de julho de 2025
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Concerto de cantor croata gera polêmica com saudação pró-nazista

O cantor croata Marko Perkovic e milhares de fãs fizeram uma saudação polêmica durante um concerto, reacendendo debates sobre o nacionalismo.

No último sábado, o cantor croata Marko Perkovic, conhecido como Thompson, realizou um concerto em Zagreb que reuniu cerca de meio milhão de fãs, mas não sem causar controvérsias. O evento incluiu uma saudação pró-nazista que remete ao regime Ustasha, que governou a Croácia durante a Segunda Guerra Mundial. O episódio levantamento discussões sobre nacionalismo e a memória histórica da Croácia, 30 anos após o fim da guerra de independência.

A saudação e suas implicações históricas

Durante o concerto, uma das músicas mais populares de Perkovic, que começa com a infame saudação “Para a pátria — Pronto!”, foi tocada. Esta saudação é associada ao regime Ustasha, que operou campos de concentração e foi responsável pela morte de dezenas de milhares de pessoas, incluindo sérvios, judeus, romani e croatas antifascistas.

Perkovic, que reivindica que sua canção reflete a época da Guerra de Independência croata (1991-1995), em que ele mesmo lutou e usou uma metralhadora de fabricação americana, defende que sua música é um “testemunho de uma era”. Entretanto, críticos afirmam que o uso desta saudação extrema simboliza uma glorificação de um passado marcado pela violência.

Reações à controvérsia

A presença da saudação nazista durante o show levou a reações intensas, tanto dentro quanto fora da Croácia. Embora a saudação seja punível pela lei croata, tribunais já decidiram que Perkovic pode utilizá-la em suas apresentações como parte de seu repertório. Isso levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão versus a responsabilização por discursos que promovem ideologias extremistas.

A popularidade de Perkovic reflete um sentimento nacionalista que ainda está presente em muitos croatas, com a justificativa de que os líderes do regime Ustasha são vistos por alguns como os fundadores do estado croata independente. A situação é particularmente delicada, dado que a Croácia se juntou à União Europeia em 2013, mas ainda enfrenta os resquícios de uma história complexa e dolorosa.

Críticas de líderes regionais

Na vizinha Sérvia, o presidente populista Aleksandar Vucic criticou os concertos de Perkovic como uma exibição de “apoio a valores pró-nazistas”. O ex-líder liberal serbio Boris Tadic chamou o evento de uma “grande vergonha para a Croácia” e para a União Europeia, alegando que a celebração glorifica a morte de membros de uma nação, neste caso, os sérvios.

O concerto e suas consequências

Os organizadores estimaram que cerca de 500.000 pessoas estiveram presentes no evento, e imagens transmitidas pela mídia croata mostraram muitos fãs fazendo saudação em adoração ao gesto. A situação destacou uma aparente divisão na sociedade croata entre as interpretações modernas dos símbolos e sua associação histórica inegável com um regime conhecido por suas atrocidades.

A polícia croata descreveu o concerto como o maior da história do país e um desafio de segurança sem precedentes, tendo mobilizado milhares de agentes. Apesar da magnitude do evento, não foram relatados incidentes de grande porte.

O episódio reacendeu o debate sobre a necessidade de uma reflexão mais profunda na sociedade croata sobre o nazismo e suas consequências, especialmente em um contexto europeu onde nações, como a Alemanha, fazem um esforço consciente para afastar-se das ideologias extremistas do passado.

Os críticos de Perkovic e do concerto pedem uma reavaliação da maneira como a história está sendo interpretada e promovida na Croácia. A pressão sobre a comunidade internacional e sobre a União Europeia para abordar esta questão também tem crescido, uma vez que o passado do país não pode ser ignorado à medida que avança como uma nação moderna na Europa.

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