O CEO da Saab, Micael Johansson, afirmou em entrevista ao TIME que a Europa precisa ampliar sua capacidade de defesa e consolidar uma industrialização mais autônoma. Johansson, que também preside a Associação de Indústrias Aeroespaciais, de Segurança e Defesa da Europa, destacou a importância de fortalecer a base industrial regional para garantir segurança e inovação frente às ameaças atuais.
Saab e o foco no cenário global de segurança
Desde 2019 na liderança da Saab, Johansson ressaltou que a companhia, de origem sueca, mantém seu foco não apenas na Europa, mas também no mercado dos Estados Unidos. “Temos que ser seletivos nas campanhas que sabemos que podemos vencer”, afirmou, destacando o posicionamento estratégico diante de países como Japão, Coreia do Sul e Filipinas, onde há maior presença dos Estados Unidos.
Segundo o executivo, a Saab busca nichos de mercado que façam a diferença, como tecnologias de defesa aérea e sistemas de combate compatíveis com alianças internacionais. Ele também mencionou a escolha da Embraer, que produziu o transporte C-390, como um exemplo de preferência por alternativas diferentes às tradicionais concorrentes americanas e europeias.
A navalha de corte na cooperação internacional
Comentando sobre a percepção de interoperabilidade, Johansson afirmou que é essencial que países aliados tenham capacidades compatíveis para trabalhar juntos de forma eficaz. “Nosso objetivo é que essas alianças sejam sólidas, sobretudo na defesa de interesses comuns”, destacou.
O executivo reforçou que a necessidade de autonomia deve ser reforçada na linha de frente, considerando o cenário de tensões e a necessidade de as-nações europeias assumirem maior responsabilidade por sua segurança. “Desde a queda do Muro de Berlim, acreditamos na paz eterna, mas a realidade mostra que precisamos nos preparar melhor”, comentou.
Fortalecimento da indústria de defesa e o papel do software
Johansson mencionou que tanto os Estados Unidos quanto a Europa têm consolidado a ideia de que uma indústria de defesa forte é fundamental. “Muito do que se faz hoje é software-centrado, o que exige uma relação estreita entre produção de equipamentos e atualizações contínuas”, explicou.
Ele acrescentou que o modelo de negócios deve prever colaboração constante, tanto em tempos de paz quanto em possíveis conflitos. “A cooperação na indústria de defesa precisa ser mais integrada e sustentável”, concluiu, reforçando a necessidade de ações coordenadas para elevar o nível de capacidade europeia de defesa.