Na quinta-feira (22), a Câmara dos Deputados aprovou, por uma margem apertada de 218 votos contra 214, um projeto de lei que reduz impostos, limita o Medicaid e reforça o aparato de deportação do governo Trump. A legislação, que agora segue para assinatura presidencial, traz impactos profundos na saúde, economia e direitos civis dos americanos.
Principais mudanças na lei sob a ótica da política tributária e de saúde
O projeto inclui uma vasta isenção de impostos para os mais ricos e corta bilhões de dólares de programas sociais essenciais. Entre as decisões, destaca-se a redução do Medicaid, com novas exigências de trabalho para adultos não incapacitados, o que, segundo especialistas, provavelmente reduzirá o acesso à saúde de milhões pelo país. A previsão do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) aponta que as mudanças podem prejudicar hospitais, especialmente rurais, afetando o atendimento de baixa renda.
Reforço nas ações de deportação
Um dos aspectos mais controversos é o desembolso imediato de US$ 150 bilhões para fortalecer o aparato de imigração, incluindo US$ 45 bilhões para novos centros de detenção e US$ 29 bilhões para contratação de agentes do ICE. Analistas alertam que tais recursos podem transformar o ICE em uma força paramilitar, uma afirmação que gerou forte resistência de líderes democratas, como Alexandria Ocasio-Cortez, que qualificou as ações como uma ameaça à sociedade.
Reações e críticas ao projeto de lei
Críticos acusam a legislação de ser uma “traição” aos princípios de solidariedade nacional, ao priorizar cortes para programas de assistência e investir em deportações em detrimento da saúde pública. “Este projeto é cruel, covarde e um ato de traição ao que o país representa”, afirmou o democrata Jim McGovern na Câmara. O líder republicano, Mike Johnson, por sua vez, celebrou a agilidade do processo e a implementação rápida das medidas.
Implicações fiscais e econômicas
Apesar das promessas de crescimento econômico, analistas alertam que o projeto irá gerar um aumento de pelo menos US$ 3,4 trilhões na dívida federal. Os republicanos insistem que as cortes de impostos irão pagar por si mesmas graças ao crescimento econômico futuro, uma previsão contestada por economistas independentes. O projeto também mantém medidas que restringem os benefícios do SNAP, criando incentivos perversos para cortes adicionais na assistência alimentar.
Reações no Congresso e possíveis desdobramentos
Vários republicanos moderados manifestaram dúvidas sobre os cortes na saúde, mas poucos resistiram à pressão do partido e ao impulso do governo. O líder democrata Hakeem Jeffries descreveu a proposta como um ataque ao Medicaid e aos direitos sociais, enquanto a votação só foi possível após uma longa madrugada, com protestos internos de alguns parlamentares contrários às mudanças feitas pelo Senado, que aumentaram o custo original da lei em cerca de US$ 1 trilhão.
Especialistas dizem que o impacto do projeto pode se refletir em penalizações sociais e maior desigualdade, enquanto defensores alegam que as medidas estimularão o crescimento econômico. A legislação agora aguarda assinatura do presidente Trump, que deve promover uma implementação rápida das suas medidas mais controversas.