Os países do Brics reforçaram na última declaração de líderes a necessidade de renegociar dívidas de países de baixa e média renda por meio de um mecanismo sugerido pelo G20. A proposta visa melhorar a sustentabilidade financeira desses nações mais vulneráveis e apoiar a recuperação econômica global.
Brics promove tratamento “holístico” ao endividamento internacional
A declaração afirmou que é essencial abordar o endividamento internacional de forma “holística”, especialmente para países afetados por choques econômicos internacionais recentes. Segundo o documento, juros elevados e condições de crédito mais restritivas agravam a vulnerabilidade desses países.
“Acreditamos que é necessário enfrentar adequada e holísticamente o endividamento internacional para apoiar a recuperação econômica e o desenvolvimento sustentável, considerando as leis e os procedimentos internos de cada nação, acompanhados por endividamento externo sustentável e responsabilidade fiscal”, destacou a declaração.
Implementação do Marco Comum do G20 para Tratamento da Dívida
O Brics solicitou a implementação do Marco Comum do G20, aprovado na reunião do grupo no ano passado. O mecanismo prevê discussões bilaterais entre governos, credores privados e bancos multilaterais de desenvolvimento, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics.
“Um dos instrumentos para lidar coletivamente com vulnerabilidades de dívida é a implementação previsível, ordenada, oportuna e coordenada do Marco Comum do G20, envolvendo credores bilaterais, privados e bancos multilaterais, com a ação conjunta e a repartição justa de encargos”, afirmou o texto.
Mecanismo de garantias multilaterais e financiamentos climáticos
Outra proposta importante é a discussão sobre uma iniciativa de Garantias Multilaterais (GMB), que busca criar um mecanismo de garantias entre os países do Brics. Essa ferramenta pretende agregar ativos para cobrir inadimplências e reduzir custos de empréstimos internacionais, beneficiando investimentos estratégicos.
“A GMB visa oferecer instrumentos de garantia personalizados para reduzir riscos e fortalecer a credibilidade, permitindo a incubação no NDB como projeto piloto, sem aportes de capital adicionais, com previsão de andamento ao longo de 2025 e relatório na Cúpula de 2026”, explicou a declaração.
Além disso, a declaração conjunta dos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do Brics, divulgada no sábado (5), reafirmou a criação de um mecanismo semelhante para financiamentos em áreas de clima e infraestrutura.
Revisão do Acordo de Reservas Contingenciais e novas moedas
O documento também mencionou a revisão do Acordo de Reservas Contingenciais (ARC), criado em 2014 para ajudar países em dificuldades nas contas externas e investimentos estrangeiros, incluindo novas moedas de reserva para fortalecer a cooperação financeira.
Brics: um bloco de peso no cenário global
O grupo do Brics reúne atualmente 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Países parceiros como Belarus, Bolívia e Nigéria também participam das cúpulas.
Com cerca de 39% da economia mundial, 48,5% da população global e 23% do comércio internacional, o Brics demonstra sua relevância na geopolítica contemporânea. Em 2024, os países do grupo foram responsáveis por 36% das exportações do Brasil e receberam 34% das importações brasileiras, consolidando laços econômicos estratégicos.
A 17ª Reunião do grupo ocorre no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, sob a presidência do Brasil, reforçando a integração dos membros e alinhamento de ações para o fortalecimento do bloco.
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