Os ministros de finanças e os presidentes dos Bancos Centrais do Brics demonstraram preocupação com as recentes políticas tarifárias, que consideram prejudiciais à economia global. Em uma declaração forte, eles desaprovaram o aumento unilateral de tarifas, que “distorcem o comércio” e são “inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”. Embora não tenham mencionado diretamente os Estados Unidos, a crítica é direcionada às taxas impostas pelo governo Trump, que têm sido um ponto de discórdia nas relações comerciais internacionais desde o início do ano.
Encontro ministerial e suas pautas
A declaração foi emitida durante um encontro realizado no Rio de Janeiro, que precede a Cúpula dos Líderes do Brics, programada para os dias 6 e 7 de novembro. Os ministros ressaltaram a importância da resiliência e da cooperação mútua entre os países que compõem o bloco, enfatizando a necessidade de um sistema multilateral de comércio que seja aberto, justo e baseado em regras, com a OMC no centro das discussões.
“Os membros do Brics demonstraram resiliência e continuarão a cooperar entre si e com outros países para salvaguardar e fortalecer o sistema multilateral de comércio”, destacou o documento.
Revisão das cotas do FMI e cooperação tributária
Além do documento ministerial, foram divulgados outros dois documentos que abordam questões cruciais, como a revisão das cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a cooperação tributária internacional. No que diz respeito ao FMI, os ministros afirmaram que as cotas atuais não refletem o rápido crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento. A proposta é que um realinhamento das cotas leve em consideração a posição relativa dos países na economia global, protegendo os membros mais pobres.
“Uma fórmula de cotas simples, equilibrada e transparente deve servir como uma ferramenta orientadora em um processo inclusivo de realinhamento”, acrescentaram.
Quanto à cooperativa tributária, a declaração enfatiza a necessidade de um sistema mais inclusivo e transparente que ajude na redução de desigualdades. Os ministros destacaram a importância da assistência mútua em questões tributárias e o combate a prazeres financeiros ilícitos e à evasão fiscal, principalmente por indivíduos de alta renda.
“Nossos esforços devem promover a assistência mútua eficaz em questões tributárias, aumentar a transparência e combater os fluxos financeiros ilícitos relacionados a impostos”, afirmou o documento.
Importância da COP 30 e desafios climáticos
Outro tema de destaque na declaração foi a COP 30, que ocorrerá em novembro em Belém. Os ministros pediram maior envolvimento dos ministérios da Fazenda e dos Bancos Centrais nas discussões sobre financiamento climático, evidenciando a meta de arrecadar 1,3 trilhão de dólares para este fim.
“Reconhecemos também a necessidade de enfrentar os desafios estruturais decorrentes das mudanças climáticas e das transições energéticas”, diz um trecho importante da declaração, que sugere que esses desafios também apresentam oportunidades significativas de investimento e crescimento sustentável.
Em suma, os pronunciamentos feitos pelos ministros do Brics sinalizam um compromisso renovado em direção a uma colaboração internacional mais eficaz e equilibrada, à medida que o mundo lida com as incertezas econômicas e os desafios globais. A defesa de um sistema comercial não discriminatório e a busca por maior justiça nas finanças internacionais refletem a crescente importância deste bloco econômico no cenário global.