A crescente crise humanitária provocada pela imigração nos Estados Unidos tem gerado preocupação e indignação. Dom Mark Joseph Seitz, bispo da diocese de El Paso, Texas, e presidente da Comissão para os Serviços aos Migrantes e Refugiados da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, fez um contundente apelo à defesa dos direitos dos imigrantes, denunciando um clima de medo crescente e a violação de direitos fundamentais neste contexto. As palavras do bispo ressoam como um chamado à reflexão e à ação.
Direitos desrespeitados
Dom Seitz não hesita em criticar a administração americana, afirmando que o tratamento dispensado aos imigrantes ignora o respeito pela dignidade humana que é um princípio fundamental do país. “O respeito pela dignidade dada por Deus e a preocupação com o bem-estar das pessoas e suas famílias são deixados de lado”, destacou. Ele mencionou também a implementação de deportações em massa, que violam direitos consagrados pela Constituição dos EUA, como o direito a um processo justo e a proteção contra ações arbitrárias.
O bispo enfatiza que essa abordagem caótica na aplicação das normas de imigração parece ter como objetivo criar um ambiente de intimidação. “Muitos grupos étnicos são constantemente descritos como criminosos, o que é uma maneira de desumanizá-los”, lamentou Seitz. Ele também alerta que os cortes em serviços sociais afetam diretamente os mais vulneráveis, enquanto as políticas fiscais favorecem os ricos.
A reação da Igreja local
Em resposta a esse cenário alarmante, a Igreja local tem se manifestado de forma vigorosa. Dom Seitz menciona que práticas abusivas, como revistas indiscriminadas e prisões ilegítimas, têm se tornado comuns, chegando ao ponto de pessoas serem algemadas ao tentar entrar em igrejas. “A administração diz estar caçando criminosos, mas a realidade é que imigrantes legais estão sendo visados”, afirmou.
Diante disso, diversas dioceses organizaram vigílias, marchas e outras manifestações pacíficas em protesto contra essas políticas, unindo bispos, sacerdotes, freiras e leigos em um esforço coletivo para garantir que os direitos dos migrantes sejam respeitados.
Um convite à colaboração
Embora muitos americanos desconheçam a complexidade da situação migratória, Dom Seitz observa que há uma crescente preocupação entre a população. “No dia 14 de junho, pelo menos 5 milhões de pessoas se manifestaram contra essas políticas em várias cidades dos EUA”, comentou. Ele ressalta que pesquisas mostram que a maioria dos americanos, independentemente de sua posição política, está a favor de um caminho legal para migrantes que residem há muito tempo no país.
A Conferência Episcopal está em diálogo constante com as autoridades para propor mudanças nas leis de imigração, buscando sempre uma abordagem moral fundamentada nos ensinamentos cristãos. “Nossa Conferência Episcopal procura contribuir com a discussão sobre estas questões, a fim de promover um ambiente mais acolhedor”, destacou Seitz.
A mensagem aos bispos americanos
A problemática das políticas migratórias já havia sido abordada pelo Papa Francisco em uma carta enviada aos bispos dos Estados Unidos em fevereiro. O Pontífice enfatizou a importância de proteger a dignidade dos migrantes e criticou as deportações em massa, que considera uma afronta aos direitos humanos. Francisco convocou não apenas os líderes religiosos, mas todos os cidadãos a resistirem a narrativas discriminatórias que aumentam o sofrimento dos migrantes e promoverem uma cultura de acolhimento e integração.
As palavras de Dom Mark Joseph Seitz e do Papa Francisco ecoam com urgência neste momento crítico. A necessidade de um diálogo respeitoso e a defesa dos direitos dos imigrantes são mais do que nunca uma prioridade para a Igreja e para a sociedade, que devem trabalhar juntas na construção de um futuro mais humano e solidário.
Para mais informações sobre esta importante questão, [clique aqui](https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-07/eua-bispo-de-el-paso-denuncia-migrantes-tratados-sem-dignidade.html).