Brasil, 6 de julho de 2025
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A influência das redes sociais na dinâmica legislativa de SP

A produção de conteúdo para redes sociais está transformando a rotina nos gabinetes e plenários da Câmara Municipal e da Alesp.

Na era digital, onde cada instante pode ser transformado em uma postagem nas redes sociais, o cenário político de São Paulo não ficou imune a essa influência. A busca incessante por engajamento nas plataformas digitais transformou a dinâmica dos gabinetes e dos plenários da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A produção de conteúdo para as redes sociais não apenas elevou a visibilidade dos parlamentares, mas também trouxe novas rotinas e demandas para as instituições.

Transformações nos gabinetes e plenários

A intensa produção de conteúdo durante as sessões e reuniões agora é uma realidade palpável. Na Câmara Municipal, a presença de parlamentares influenciadores é notável, causando um rearranjo no espaço e nos hábitos. As reuniões de líderes, antes realizadas em locais convencionais, sofreram uma mudança significativa. O tradicional Salão Nobre se tornou o novo cenário para essas interações, especialmente quando lotadas de assessores em busca de gravações impactantes.

Além disso, alteraram-se as regras. Agora, cada vereador pode levar um assessor adicional para ajudá-lo na produção de conteúdo, um reflexo da nova ordem digital. A necessidade de maior infraestrutura também começou a ser debatida, com pedidos nos bastidores para instalação de mais tomadas e ampliação do espaço destinado às equipes digitais. As reclamações sobre as pequenas salas e a falta de recursos para carregar dispositivos são frequentes.

O papel dos assessores e o impacto nas redes sociais

Nos dias de hoje, não é incomum ver um legislador discursando sem a presença de um assessor responsável pela gravação. Parte dessa mudança é impulsionada pela contratação de profissionais que trabalham exclusivamente com mídias digitais. Lucas Pavanato, do União e um dos parlamentares com maior destaque nas redes, evidencia essa nova abordagem: “Temos dois assessores que cuidam dessa parte de mídias. Acho importante para que haja transparência”, explica.

Com 2,2 milhões de seguidores no Instagram, Lucas, que foi o mais votado da última eleição, destaca ainda que esses postos nas redes são cruciais para a manutenção de um contato direto com o eleitorado, e mantém um foco em pautas relevantes. A vereadora Zoe Martinez, com 1,5 milhão de seguidores, reforça essa mesma visão, considerando as redes como seu canal principal de comunicação com a população.

A velha guarda e a nova era digital

No entanto, essa revolução digital não está isenta de desafios. Apesar do forte engajamento de jovens políticos como Pavanato e Martinez, o cenário sugere uma dificuldade de renovação e adaptação por parte de parlamentares mais velhos. Eduardo Suplicy, do PT, um dos mais antigos na política, ainda se destaca com 900 mil seguidores, mas seu método de interação nas redes é bem diferente dos jovens deputados, que são nativos digitais.

Joice Berth, coordenadora de comunicação de Suplicy, enfatiza a importância dos registros visuais no plenário, já que “não é todo mundo que vai assistir à TV Alesp”, indicando uma clara adoção das práticas contemporâneas, mesmo entre aqueles que estão há mais tempo na política. Suplicy também investe cerca de R$ 6 mil mensais em serviços de publicidade digital para garantir sua presença online.

Reflexos no debate político

A própria dinâmica política está mudando em resposta a essa nova realidade. De acordo com João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM, a presença nas redes sociais se tornou essencial para a relevância dos partidos e parlamentares. Contudo, ele aponta para um lado negativo dessa evolução: “A qualidade do debate político piorou, já que as redes recompensam conteúdo viral e polêmico acima da profundidade e da análise técnica”.

Esse fenômeno reflete uma mudança na percepção de como as políticas públicas são discutidas e promovidas. A ênfase está no retorno imediato e na popularidade, em detrimento de discussões mais ricas e fundamentadas.

À medida que a tecnologia avança e as redes sociais se tornam cada vez mais integradas ao cotidiano político, a Câmara Municipal e a Alesp precisam se adaptar para lidar com estas novas demandas, refletindo não apenas as expectativas da sociedade moderna, mas também os desafios de um debate político ético e engajado.

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