Rio de Janeiro — Às vésperas da reunião de cúpula do Brics, autoridades ainda buscam consenso em três temas que travam as negociações em torno de uma declaração final. Os embates giram em torno da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), da questão palestina e da situação conflituosa do Irã. Esses pontos críticos marcarão o andamento das discussões e, consequentemente, os resultados que serão apresentados na cúpula.
Temas Delicados nas Negociações
Conforme informações de fontes envolvidas nas conversas, a dificuldade em encontrar um tom de consenso é notável, especialmente em relação ao Irã e à Palestina. No caso do Irã, a proposta do país é que um comunicado mais contundente seja adotado, considerando os recentes ataques que sofreu de Israel e dos Estados Unidos. Essa pressão para um posicionamento mais firme reflete a urgência e a gravidade da situação na região do Oriente Médio.
No final de junho, os países do Brics divulgaram um comunicado expressando “profunda preocupação” com a escalada de violência no Oriente Médio, mas omitiu menções diretas a Israel e aos Estados Unidos. Essa abordagem cautelosa pode ser considerada uma tentativa de equilibrar as relações entre os membros do bloco, que têm opiniões divergentes sobre como abordar essas questões sensíveis.
Sobre o Brics e sua Relevância
O Brics, que reúne 11 países-membros incluindo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, tem como principal objetivo promover a cooperação nas áreas econômica, política e social. O bloco se destaca por oferecer uma plataforma alternativa às hegemonias tradicionais existentes, buscando um equilíbrio nas relações internacionais e fomentando o desenvolvimento regional.
- Além dos membros permanentes, outros dez países atuam como parceiros no Brics, como Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
- A reunião de cúpula, marcada para os dias 6 e 7 de julho, será realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Isso marca a primeira vez que o evento acontece na cidade, atraindo a atenção internacional para as questões que serão debatidas.
Os Desafios da Reforma do Conselho de Segurança da ONU
Outro tema sensível que pesa nas discussões é a reforma do Conselho de Segurança da ONU. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a necessidade de uma mudança na composição do colegiado, buscando ampliar a representação dos países do Sul Global. Contudo, essa proposta enfrenta resistência, como evidenciado por disputas internas entre países africanos sobre a ocupação de um assento permanente no conselho. Essas divergências já resultaram na falta de consenso durante a reunião de chanceleres do Brics, realizada em abril.
Os negociadores, por outro lado, mencionam que, apesar dos desafios, foram feitos avanços em algumas áreas. Além da reforma da ONU, um entendimento mais claro sobre outros assuntos ainda está sendo trabalhado. A expectativa é que a cúpula possa trazer à tona não apenas esses impasses, mas também propostas concretas e inovadoras para os problemas enfrentados globalmente.
Cooperação em Temas Emergentes
Em meio a este contexto tenso, há no entanto boas notícias. Os países do Brics acordaram divulgar três declarações conjuntas que abordarão temas relevantes como inteligência artificial, cooperação para erradicação de doenças sociais e financiamento das atividades de combate às mudanças climáticas. Esses assuntos são de extrema importância e refletem a busca do bloco por avançar em áreas que podem unir os países, independente das divergências em outros tópicos.
Os próximos dias são cruciais, e a reunião de cúpula será uma oportunidade não apenas de se dialogar sobre os desafios atuais, mas também de estabelecer um compromisso em prol de uma agenda positiva para todos os membros do Brics. À medida que os dias se aproximam, a pressão aumenta para que um consenso seja alcançado, garantindo que a voz do bloco seja ouvida nas discussões globais.