Nesta quinta-feira (22), a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei que reduz impostos, corta programas de saúde e amplia a ofensiva contra imigrantes, enviando a pauta ao presidente Donald Trump para assinatura. A medida, apoiada principalmente pelos republicanos, gera críticas por seus impactos sociais e econômicos.
Impactos sociais e econômicos do projeto de lei de Trump
A legislação aprovada reduz impostos para as famílias mais ricas, aumenta o endividamento nacional e faz cortes em programas federais de assistência social e saúde, incluindo uma redução de mais de US$ 1 trilhão em recursos destinados ao Medicaid e ao SNAP (programa de auxílio alimentar).
O projeto, que custará aproximadamente US$ 4,5 trilhões, foi aprovado por 218 votos a 214, com todos os democratas e dois republicanos — Rep. Brian Fitzpatrick (PA) e Thomas Massie (KY) — votando contra. “Este projeto é uma traição ao povo americano”, afirmou o líder democrata Hakeem Jeffries, em discurso de quase nove horas na Câmara.
Medidas que ameaçam a saúde e os direitos dos imigrantes
Um dos pontos mais contestados é o endurecimento nas políticas de imigração, incluindo US$ 150 bilhões destinados à deportação em massa, construção de centros de detenção e contratação de agentes do ICE. Especialistas alertam que a militarização da agência coloca em risco direitos civis e a segurança dos cidadãos.
Além disso, o projeto impõe novos requisitos de trabalho para quem depende do Medicaid, prejudicando principalmente adultos sem deficiências, que terão que comprovar atividade de pelo menos 20 horas semanais para manter o benefício. O executivo da Congressional Budget Office afirmou que essas mudanças provavelmente não gerarão mais empregos nem maior acesso ao plano de saúde.
Controvérsias e reações políticas
Apesar das críticas, vários republicanos, incluindo moderados, votaram a favor, sob ameaça de Trump e pressão interna. Alguns, como Rep. David Valadao (CA), que havia anunciado voto contra, acabaram votando favoravelmente. A liderança do partido insiste que o projeto não reduzirá serviços sociais, alegando que medidas são para eliminar desperdício e fraudes.
“Nosso país enfrenta uma crise de dívida e déficit, mas essa legislação foca em cortes profundos que penalizam os mais vulneráveis”, criticou a deputada democrata Ayanna Pressley. Outros, como o líder democrata Jeffries, afirmam que o projeto ameaça a saúde pública e os direitos civis dos imigrantes.
Próximos passos e consequências
Com a aprovação na Câmara, o projeto segue para assinatura do presidente Trump, que aposta na sua implementação para reforçar sua imagem de candidato forte na disputa eleitoral. Especialistas alertam que a medida agravará desigualdades, prejudicará serviços públicos essenciais e ampliará o caos social se convertida em lei.
Espera-se que o impacto das mudanças seja debatido nos tribunais e que movimentos sociais intensifiquem ações de resistência contra a legislação, que representa um dos passos mais radicais na política de austeridade e endurecimento de Trump até o momento.