No último sábado (5/7), durante a abertura da reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do Brics, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um discurso significativo em defesa do que chamou de “multilateralismo do século XXI”. Em sua fala, ele enfatizou a necessidade de mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI), destacando a importância de um sistema financeiro mais inclusivo e representativo para as economias emergentes.
O conceito de “reglobalização sustentável”
Haddad definiu o novo multilateralismo como uma “reglobalização sustentável”, uma proposta que visa à globalização com um foco renovado no desenvolvimento social, econômico e ambiental de forma equitativa para todos os países. Ele argumentou que esse enfoque é vital para enfrentar os desafios contemporâneos e promover um crescimento equilibrado e sustentável.
“Esse novo multilateralismo nada mais é do que uma nova aposta na globalização, baseada no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade como um todo”, declarou o ministro, deixando claro que a colaboração internacional é essencial para alcançar este objetivo.
Compromissos firmados na reunião do Brics
Durante sua intervenção, Haddad também mencionou duas declarações pactuadas entre os representantes presentes no evento. A primeira dessas declarações refere-se ao apoio ao estabelecimento de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária. O ministro destacou essa iniciativa como um passo decisivo na direção de um sistema tributário global mais inclusivo e justo.
“Essa convenção é uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, ressaltou.
Este compromisso com uma tributação mais equitativa tem como objetivo colocar um fim a privilégios fiscais que muitas vezes beneficiam apenas uma pequena elite no cenário mundial, promovendo, assim, justiça fiscal e responsabilidade social.
Propostas para um FMI mais representativo
A segunda declaração proposta durante a reunião sugere mudanças na composição do FMI, a fim de torná-lo mais representativo das economias globais atuais. Haddad ressaltou que, com a atuação conjunta, é possível aumentar a voz dos países emergentes e em desenvolvimento dentro da instituição financeira.
“Tratamos de uma declaração que propõe um FMI mais representativo, refletindo a realidade atual da economia global”, pontuou Haddad. Essa proposta é um reconhecimento de que as instituições financeiras internacionais muitas vezes não refletem a diversidade e as necessidades das economias em crescimento, o que pode limitar a eficácia de suas políticas e decisões.
A importância do multilateralismo
A defesa do multilateralismo feita por Haddad não é apenas uma questão política, mas um reflexo da necessidade de uma governança global mais participativa. No atual cenário de crises ambientais, sociais e econômicas, a cooperação entre nações é uma solução crucial para problemas que não respeitam fronteiras geográficas. A pandemia de COVID-19 e as mudanças climáticas são exemplos claros de que a única forma eficaz de enfrentá-los é através de uma abordagem colaborativa.
O Brasil, sob a liderança de Haddad e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se coloca como um defensor ativo desse multilateralismo, buscando abrir espaço para uma nova ordem econômica mundial que priorize a justiça social e o desenvolvimento sustentável.
A reunião do Brics, que acontece no Rio de Janeiro, representa um passo importante neste sentido, reunindo países que, juntos, têm o potencial de moldar o futuro da governança econômica global. A proposta de um FMI e um sistema tributário global mais inclusivo pode ser um marco na história das relações financeiras internacionais.
Com as declarações e propostas levantadas por Haddad, espera-se que a discussão sobre um novo modelo de multilateralismo ganhe tração e que os países emergentes possam finalmente ter uma voz mais ativa nas decisões que afetam o cenário econômico global.
Em um momento em que a colaboração é mais necessária do que nunca, o discurso de Haddad ressuscita a esperança de um futuro mais justo e sustentável, promovendo a ideia de que a união entre os países pode resultar em benefícios mútuos e em um desenvolvimento equilibrado.
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