Alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ) em Belford Roxo estão enfrentando sérias dificuldades para manter seus estudos devido à suspensão dos pagamentos do Programa de Auxílio Permanência (PAP) e do auxílio transporte. A situação tem resultado no abandono de cursos por parte de muitos estudantes, que se veem sem condições de arcar com os custos diários de transporte e material.
Impacto do atraso nos auxílios
Relatos de estudantes revelam que pelo menos seis alunos do primeiro período de um único curso foram forçados a interromper suas atividades acadêmicas. Milleny Vargas, de 23 anos, é um dos casos que exemplificam essa situação. Ela, que havia se matriculado no curso técnico de administração após trancar seu curso de enfermagem, enfrentou a falta de pagamento da bolsa e do transporte, o que a impediu de comparecer às aulas.
Desafios financeiros e emocionais
Milleny, que está cuidando de seu filho de seis anos e não pode mais contar com uma renda fixa, aguardava o pagamento dos auxílios, que deveriam ter começado em maio. A jovem ficou esperançosa, mas a falta de comunicação clara sobre os pagamentos a deixou ainda mais angustiada. “Toda semana diziam que o dinheiro ia cair na próxima semana, mas até agora nada”, desabafa. Para driblar a situação, seus colegas tentaram ajudar com o custo das passagens, mas essa ajuda não foi suficiente e ela acabou faltando muitas aulas, o que resultou em sua reprovação.
A responsabilidade dos órgãos envolvidos
O atraso nos pagamentos do PAP e do auxílio transporte tem sido um tema recorrente nas conversas entre alunos, pais e professores. Patrícia Bastos, outra estudante afetada, lamenta a saída de colegas que tinham grande potencial, mas não puderam continuar seus estudos por questões financeiras. “O Riocard deles só chegou agora, mas até o momento, nada do PAP nem do auxílio”, frisou.
O Diretor do Campus, Márcio Oliveira, reconhece a situação e explica que o atraso ocorreu devido à demora na liberação dos recursos da União, que só foram empenhados em junho. “Desde 2023 a verba para bolsas já não atende à demanda dos discentes matriculados. Estamos tentando garantir os recursos mínimos”, afirma Oliveira, ressaltando a necessidade de frequência escolar para ter direito ao PAP.
Busca por soluções
Além disso, o diretor esclarece que a responsabilidade pela emissão dos cartões de transporte, como o Riocard, recai sobre a empresa responsável, e que o IFRJ apenas encaminha a lista de alunos que devem receber o benefício. Essa falta de clareza e a burocracia em torno dos auxílios têm gerado ainda mais frustração entre os alunos, que se sentem abandonados em um momento crítico de suas vidas acadêmicas.
Atualmente, a situação no IFRJ de Belford Roxo é um reflexo das dificuldades enfrentadas por muitos estudantes em todo o Brasil. Os desafios financeiros e a falta de comunicação clara por parte das instituições são obstáculos que podem comprometer o futuro de muitos jovens que desejam se qualificar.
O futuro incerto
Com a situação atual, alunos como Milleny estão se perguntando qual será o futuro de seus estudos. O desânimo e a sensação de impotência são palpáveis entre aqueles que, após tantos estudos e dedicação, se veem obrigados a abrir mão de seus sonhos. “Todas as minhas perspectivas foram por água abaixo”, lamenta Milleny, que ainda espera uma solução rápida para que possa retomar seus estudos e alcançar seus objetivos profissionais.
A história de Milleny e de seus colegas é um alerta sobre a importância de garantir não apenas o acesso à educação, mas também a permanência dos alunos na instituição. Sem o suporte necessário, muitos talentos podem se perder, e o país pode deixar de contar com profissionais qualificados que poderiam fazer a diferença em diversas áreas.
Enquanto isso, a espera por respostas e soluções continua, e a esperança dos alunos do IFRJ é que, em breve, os problemas sejam resolvidos e que possam retomar suas jornadas acadêmicas sem mais impedimentos.