Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde e Serviços Humanos, afirmou nesta semana que sua proposta de retirar o fluoreto da água potável, parte de seu plano para “Fazer a América Saudável Novamente”, pode resultar em mais cáries dentárias, especialmente entre crianças de baixa renda. A confissão veio após questionamentos sobre os riscos e benefícios da medida.
O impacto da retirada do fluoreto na saúde bucal
Durante entrevista ao programa The Faulkner Focus na Fox News, Kennedy comentou que “provavelmente veremos um aumento ligeiro nas cáries”. Essa preocupação é respaldada por estudos que indicam o retorno de cáries após a eliminação do fluoreto na água, como ocorrido em Calgary, Canadá, que reintroduziu a substância após uma década, após aumento de infecções dentárias em crianças.
A American Dental Association (ADA) reforça que oito décadas de fluoridação comunitária têm sido seguras e eficazes na prevenção de cáries, ajudando a melhorar a saúde oral globalmente.
Controvérsia e reações públicas
Questões sobre saúde pública e desigualdade
Reações nas redes sociais e fóruns como Reddit demonstraram ceticismo e preocupação. Usuários questionaram quais benefícios compensariam o aumento de custos odontológicos, estimados em cerca de R$ 300 por ano por cabeça. Outros apontaram que essa medida penalizaria principalmente os mais pobres, que têm menos acesso a tratamentos dentários.
“Como uma pessoa que trabalhou como higienista, vejo isso como um passo na direção oposta à saúde pública, pois agravará a desigualdade social, aumentando a vulnerabilidade de quem não consegue pagar por cuidados”, afirmou uma usuária no Reddit.
O debate internacional e o contexto científico
Ao redor do mundo, a prática de fluoridação da água ainda é adotada em vários países. Segundo a BBC, alguns locais optam por fluoridar o sal ou a leite, enquanto outros preferem não fluoridar devido a debates sobre segurança. Estudos do Programa Nacional de Toxicologia dos EUA indicam que níveis elevados de fluoride podem reduzir o QI em crianças, porém ressaltam que a dose recomendada de 0,7 mg/L ainda é considerada segura.
Especialistas alertam que a decisão de Kennedy pode colocar em risco avanços históricos na saúde pública, que salvaram milhões de vidas ao reduzir a incidência de cáries. A discussão demonstra que o tema permanece controverso, envolvendo ciência, política pública e desigualdades sociais.
Próximos passos e expectativas
Ainda não há uma decisão oficial sobre a implementação ou suspensão definitiva da medida. Autoridades de saúde indicaram que continuarão avaliando os estudos científicos para determinar a melhor estratégia de promoção da saúde bucal no país, considerando também os impactos sociais e econômicos. A controvérsia reacende o debate sobre intervenções de saúde pública baseadas em evidências científicas sólidas versus ideologias ou interesses políticos.