Antes da Copa do Mundo de Clubes começar, existia a expectativa de que as quartas de final seriam um momento de separação entre os clubes europeus e os demais. No entanto, a fase que inicia nesta sexta-feira, nos Estados Unidos, mostra que as equipes do Velho Continente dividem o top 8 com sul-americanos e asiáticos. Esta diversidade é um reflexo das características competitivas das chamadas ‘mini Champions League’ e lembra um modelo semelhante ao da Copa do Mundo de seleções.
A diversidade nas quartas de final
O atual panorama do Mundial de Clubes é semelhante ao top 8 observados nas últimas cinco Copas do Mundo. Na edição Catar-2022, cinco seleções europeias chegaram à fase decisiva; enquanto no Brasil-2014 foram quatro, e na África do Sul-2010, três. As únicas vezes em que as seleções europeias dominaram foram nas edições de 2006 e 2018, em que seis seleções europeias se destacaram.
Os clubes sul-americanos têm se mantido como a segunda força, com dois representantes na maioria das edições, mas conseguiram aumentar para três em 2014. A presença de clubes de um terceiro continente, como um africano em 2010 e 2014 ou a Costa Rica em 2014, também evidencia essa diversificação.
A globalização do futebol
A globalização do futebol é um fator essencial que influenciou a configuração atual do torneio. Muitas das estrelas do esporte atuam nos clubes mais ricos da Europa, levando os torcedores a se acostumarem com essa diversidade de estilos e culturas no top 8 das competições de seleções. No entanto, o contexto do futebol de clubes é mais complexo e menos influenciado pelas mesmas variáveis que ocorrem em uma Copa do Mundo.
O que isso significa para a estrutura global do futebol
Ainda assim, especialistas alertam que é perigoso tirar conclusões precipitadas a partir de um único torneio que dura apenas um mês. O colunista do GLOBO, Carlos Eduardo Mansur, observa que a configuração das quartas de final pode dizer mais sobre o torneio em si do que sobre a verdadeira ordem mundial do futebol. “Um torneio num formato nunca jogado por clubes tem características únicas que devem ser levadas em conta”, diz Mansur.
Além disso, os clubes estão em fases distintas da temporada, o que pode impactar o desempenho durante as partidas. O calor e a sorte também desempenham um papel nas confrontações, o que torna o cenário ainda mais imprevisível.
Fatores econômicos e de desempenho
Diversos fatores contribuíram para diluir o poder econômico da elite europeia, mostrando que o sucesso em competições não está apenas atrelado ao investimento financeiro. O estado atual de cada clube, como o desempenho físico dos jogadores, é um fator crucial. Por exemplo, Inter de Milão e Real Madrid mudaram de treinadores pouco antes do campeonato, o que levanta dúvidas sobre o comprometimento dessas equipes com o torneio.
Ainda assim, o aspecto financeiro é inegável. As equipes remanescentes nas quartas de final vêm das quatro principais ligas da UEFA, além do Palmeiras, Fluminense e Al-Hilal, que representam as forças financeiras do Brasil e da Arábia Saudita. Essa dinâmica de formatos e forças econômicas é um indicativo de que o Mundial de Clubes desenvolveu uma configuração própria.
Em suma, as quartas de final do Mundial de Clubes não só oferecem um retrato da força global do futebol, mas também ilustram a evolução do esporte em um mundo cada vez mais interconectado. À medida que o torneio avança, torcedores e analistas aguardam ansiosos para ver se as tendências se confirmam ou se novas surpresas estão à vista.