Os preços da carne bovina continuarão elevados em 2025 e devem subir ainda mais em 2026, devido à diminuição na quantidade de gado disponível para abate no Brasil, conforme avaliação de analistas do Itaú BBA durante evento para a imprensa na última quinta-feira (3). A expectativa é que a oferta restrita impulsione os valores ao consumidor nos próximos anos.
Oferta de carne bovina em queda e impacto nos preços
Segundo os especialistas, a produção de carne bovina deve diminuir cerca de 1% neste período, embora ainda haja muitos animais disponíveis para abate até o final de 2024. No entanto, a tendência é de que a oferta encolha significativamente em 2026, refletindo uma redução na disponibilidade de gado no campo.
“A oferta de gado para abate deve ser ainda menor em 2026, o que reforça a previsão de alta nos preços ao consumidor”, afirmou Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA. Além disso, a conjuntura internacional também contribui, com destaque para a redução de oferta nos Estados Unidos, maior produtor mundial de carne bovina, onde a previsão é de queda de 2,3% em 2025 e de 4,1% em 2026.
Perspectivas para o setor de ovos, frango, arroz e café
Frango
Apesar dos embargos devido à gripe aviária, as exportações de frango devem retomar o crescimento em 2025, após uma queda temporária. Antes da crise, as vendas externas do produto cresceram 5% entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, o preço do frango no atacado caiu 16% na segunda quinzena de maio a junho, efeito da redução nas exportações, conforme levantamento do Itaú BBA.
Arroz
O preço do arroz diminuiu 12% nos 12 meses até maio, influenciado por estoques elevados e produção recorde global, que alcançou 542 milhões de toneladas na safra 2025/2026, segundo o Cepea-UFPE. Países como Índia, EUA e membros do Mercosul mantêm alta produção, pressionando os preços no mercado internacional. No Brasil, a safra de 2024/2025 foi a maior em oito anos, com aumento de 14,9% na produção, o que mantém os estoques elevados e dificultará uma reversão rápida na cotação.
Café
O preço do café no campo continua em queda, impulsionado pelo aumento da safra de robusta, que deve crescer 0,5% nesta temporada, apesar de a safra de arábica ter sido prejudicada por seca. O recuo de preços no campo, porém, ainda não impactou totalmente os supermercados, pois o processo de baixa tende a ser mais lento devido ao tempo de colheita e distribuição.
Impactos futuros e recomendações
Especialistas alertam que a combinação de oferta restrita de gado e a retomada de exportações deve manter a carne bovina em patamares altos até 2026. Já os alimentos como arroz e carne de frango devem apresentar estabilidade ou queda temporária de preços, variando de acordo com fatores internacionais e internos.
Para o consumidor, o cenário indica que os custos de alimentos proteinados permanecerão elevados por algum tempo, enquanto o arroz deverá manter preços mais baixos devido à oferta excessiva. Assim, o acompanhamento das movimentações do setor é fundamental para entender as possíveis alterações no seu orçamento mensal.
Mais detalhes sobre essas projeções estão disponíveis na matéria do G1.