A recente exoneração do secretário estadual de Transportes do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB), pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), que ocupa a função de governador em exercício, trouxe à tona uma série de reações contundentes no cenário político carioca. A demissão, considerada um movimento estratégico de Bacellar, reflete a intensa disputa pelo Palácio Guanabara nas eleições de 2026 e já provocou críticas e apoio de figuras proeminentes do Congresso.
Reações da direita sobre a exoneração
O comentário do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), um dos filhos do bolsonarismo no estado, exemplifica a posição da oposição. Ele declarou nas redes sociais: “A soberba precede a ruína”, dirigindo sua crítica diretamente à atitude impetuosa de Bacellar. Jordy destacou a arrogância do interino, advertindo que “política se faz com diálogo e não imposição”. Ele ainda ressaltou que a autocrítica é inexistente no comportamento do atual governador interino.
“A arrogância desse cidadão é monstruosa e ele acha que a força, o dinheiro e cargos são tudo na política. O bom disso tudo é que ele não faz uma autocrítica e seus atos são autoexplicativos. A máscara está caindo cada vez mais”, completou o deputado, manifestando seu apoio a Washington Reis como potencial governador.
O apoio à Reis e os desafios políticos
Outros líderes do Partido Liberal também corroboraram as críticas a Bacellar e apoiaram Reis. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante, referiu-se a Reis como “futuro governador” e reiterou seu apoio ao afirmar: “Estamos juntos, meu futuro governador”. Estes comentários evidenciam a união da direita em relação a Reis e o distanciamento dos líderes da Alerj entre os grupos que disputam a liderança estadual.
A exoneração se tornou um marco na política fluminense. O ato ocorreu na quinta-feira (3), imediatamente após Bacellar assumir o cargo temporariamente na ausência do governador Cláudio Castro (PL). Bacellar, segundo fontes próximas, buscava se consolidar como candidato ao governo, e a demissão de Reis foi vista como uma ação para fortalecer sua posição antes da próxima contenda eleitoral.
Aceitação da demissão e posicionamento de Reis
A demissão ocorre em um contexto de tensões entre Bacellar e Reis, especialmente em razão da aproximação deste último com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, um nome já conhecido na política do estado e possível concorrente de Bacellar em 2026. Reis deixou claro sua posição ao declarar que não vai apoiar a candidatura de Bacellar, evidenciando assim a divisão política em curso.
Bacellar, ao justificar a exoneração, considerou Reis “insubordinado” e preferiu associá-lo a figuras da esquerda, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito Eduardo Paes (PSD), que são vistos como rivais de seu partido. Enquanto isso, Reis reiterou sua posição ao afirmar que a assinatura de Bacellar não tem valor e que possui o apoio do governador Cláudio Castro, o que pode complicar ainda mais o cenário em torno da sua saída.
Uma disputa acirrada rumo à sucessão
A exoneração de Washington Reis ilustra a complexidade do jogo político no Rio de Janeiro. À medida que as eleições de 2026 se aproximam, a disputa entre candidatos já está em curso. Cada movimento de líderes políticos reflete não apenas uma luta por poder, mas também um esforço estratégico para consolidar apoio e criar alianças que transcendam a simples rivalidade entre partidos. Esta demissão, portanto, não é apenas uma questão administrativa, mas um indicativo das dinâmicas mais amplas que estarão em jogo no futuro da política carioca.
Com os desdobramentos dessa situação, será interessante observar como Bacellar irá consolidar seu poder e se Reis conseguirá manter sua base de apoio, especialmente entre os eleitores do PL e aliados em potencial dentro do parlamento. A política é um campo de batalha onde alianças são formadas e desfeitas com a mesma rapidez com que surgem novas narrativas, tornando cada ato político um ponto de inflexão crucial na construção das narrativas eleitorais futuras.