Brasil, 5 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Ministro do STF liga falta de regulamentação das redes sociais aos atos de 8 de janeiro

A falta de regulamentação das Big Techs foi associada por Moraes aos atos antidemocráticos e a desafios perigosos que afetam jovens.

No último Fórum de Lisboa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, fez declarações contundentes sobre a ausência de regulamentação das grandes empresas de tecnologia, que ele acredita ser um fator que contribuiu para os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Durante sua apresentação, Moraes destacou como a falta de controle nas redes sociais também está relacionada a comportamentos prejudiciais, como racismo, homofobia e automutilação entre jovens.

A conexão entre Big Techs e os problemas sociais

Segundo Moraes, os eventos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram as sedes dos três poderes em Brasília, foram facilitados por um ambiente em que as redes sociais foram instrumentalizadas para promover atos de violência e ódio. “O Supremo Tribunal Federal mostrou ao mundo que, pelo menos no Brasil, a internet não é uma terra sem lei”, afirmou, referindo-se a uma decisão recente que responsabiliza as plataformas pelos conteúdos que circulam nelas.

O ministro apresentou prints de ataques racistas e homofóbicos, enfatizando que muitos desses conteúdos permaneciam disponíveis nas plataformas. Ele também exibiu vídeos que documentavam os tumultos do dia 8 de janeiro, ressaltando a quantidade de pessoas que se filmaram durante as invasões e as investigações conduzidas pelo STF que já resultaram na condenação de mais de 400 pessoas envolvidas.

Algoritmos e a falência da autorregulamentação

Em uma crítica contundente às Big Techs, Moraes questionou onde estava a autorregulamentação dessas empresas diante dos apelos pela intervenção militar e da convocação dos cidadãos nas redes sociais. “A Inteligência Artificial não percebeu que isso era uma convocação para aumentar a tentativa de golpe de estado?”, indagou ele, destacando como os algoritmos continuaram a incentivar narrativas que incitavam a violência.

Além disso, o ministro trouxe à tona exemplos de desafios perigosos divulgados nas redes sociais que resultaram em tragédias, como a morte da menina Sarah Raissa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, em função do “desafio do desodorante”. Moraes alertou que um estado de liberdade irrestrita nas plataformas pode servir como abrigo para atividades ilícitas, e insistiu na necessidade de regulamentação. “Desde que o mundo é mundo, nenhuma atividade econômica que repercute em bilhões de pessoas deixou de ser regulamentada”, declarou.

A questão da concentração de poder

De acordo com Moraes, a concentração de poder econômico e político nas mãos de poucas pessoas é alarmante. Ele citou a Primavera Árabe como um exemplo positivo do uso das redes sociais para lutar contra regimes autoritários, contrastando com o uso negativo que se observou em eventos como o de janeiro de 2023.

O ministro também enfatizou a necessidade de maior transparência sobre os algoritmos das plataformas. Ele lembrou que as Big Techs utilizam algoritmos para direcionar o conteúdo mostrado aos usuários, criando bolhas informativas que favorecem determinadas narrativas. “Quando se é crítico das redes sociais, as notícias ruins pululam. Por outro lado, quem defende essas plataformas é inundado com conteúdo positivo”, explicou.

O papel das Big Techs na política

Além disso, Moraes apontou que as Big Techs possuem uma influência direta na política nacional, citando sua capacidade de intimidar o Congresso durante a tramitação do PL das Fake News. Ele relatou que as empresas criaram campanhas que colocaram a população contra deputados, utilizando seus algoritmos para espalhar discursos que deslegitimavam a atuação desses legisladores.

Para concluir, Moraes reitera que o estado atual das redes sociais exige uma reflexão séria sobre como essas plataformas devem ser reguladas. Em um mundo onde bilhões de pessoas interagem por meio dessas ferramentas, é crucial estabelecer normas que protejam os cidadãos de abusos e garantam um espaço seguro para a liberdade de expressão.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes