No meio da devastação e do conflito, onde a esperança parece uma raridade, surge um filme que promete resgatar a fé em um futuro melhor. “As Crianças de Gaza. Nas Ondas da Liberdade”, do diretor ítalo-estadunidense Loris Lai, traz à tona histórias de amizade e coragem, mostrando como crianças palestinas e israelenses, unidas pela paixão pelo surfe, podem nos ensinar a lutar por um mundo em paz. Um ano após seu lançamento, Lai reafirma a mensagem do Papa Francisco: “Não nos cansemos de pedir paz”.
A realidade devastadora da Gaza
A situação na Faixa de Gaza é alarmante. Hospitais e escolas restam em ruínas, e, segundo a Unicef, a cada quinze minutos uma criança enfrenta a morte ou lesões graves. É um ciclo de dor que parece não ter fim, mas o filme de Lai ilumina a esperança. Com um elenco formado por crianças que vivem na região, a produção captura a essência do que significa crescer em meio ao conflito. Mahmud e Alon, protagonistas da história, desafiam a narrativa de ódio que envolve seus lares e representam a possibilidade de uma amizade verdadeira, mesmo em meio a tanta adversidade.
A mensagem de esperança das crianças
As crianças são, de certa forma, as maiores vítimas desses conflitos, mas também possuem uma sabedoria inata que desafia as crenças dos adultos. Como o Papa Francisco frequentemente afirma, “fazer a paz exige mais coragem do que fazer a guerra”. Este conceito é central no filme. Mahmud e Alon não apenas sonham com a paz, mas ativamente desafiam a realidade em que vivem. A praia, o mar e a liberdade do surfe se tornam símbolos de esperança e recuperação, oferecendo um respiro em meio ao caos que os cerca.
Loris Lai compartilha sua visão sobre o impacto emocional que a destruição da Faixa de Gaza teve em seu trabalho. “É devastador pensar que a realidade de Gaza que capturei pode já não existir”, desabafa. O diretor questiona o papel dos adultos na proteção dessas crianças inocentes e critica a falta de medidas que impeçam a continuação da guerra: “Como podemos permitir que essas crianças cresçam nesse terror? Deveríamos estar fazendo escolhas que garantam a elas um futuro”.
Os apelos de líderes religiosos e a realidade do conflicto
A voz do Papa Francisco ecoa forte na crítica ao que ocorre na região. Durante sua pontificado, denunciou a violência que toca hospitais e escolas, clamando por um mundo onde a humanidade prevaleça sobre a força das armas. Ele descreve a situação como “indigna do homem”, um apelo que ressoa com o sentimento do filme. As crianças que aparecem na obra simbolizam a esperança, mesmo quando a realidade à sua volta parece sombria.
O filme foi finalizado em 2022, mas tragédias recentes, como a escalada da violência em outubro de 2023, tornaram sua mensagem ainda mais pertinente. Lai reflete sobre a viagem que fez à região, onde conheceu crianças que vivem em constante estado de alerta e medo, mas que possuem uma luz de esperança: “Elas sonham, são resilientes, e mesmo assim, continuam a ser crianças”.
A contribuição do filme para uma nova narrativa
Loris Lai não se vê como um salvador, mas como um contador de histórias. Ele explica que a intenção do filme é comunicar e criar diálogos através de imagens e experiências. “Nós apenas contamos histórias, e esperamos que elas inspirem as pessoas a verem além do conflito, abraçando a esperança de um futuro melhor. O filme é uma mensagem de esperança por um futuro pacífico”, afirma.
O reconhecimento do Papa Francisco
Um dos momentos mais significativos para Lai foi o reconhecimento e os elogios do Papa Francisco ao seu trabalho. “Foi um presente lindo, mais importante que qualquer prêmio”, conta o diretor, que ficou emocionado ao saber que o Papa havia compreendido a mensagem que ele desejava transmitir. No final do filme, uma mensagem do Papa reforça a relevância da obra e mostra como a luta por paz deve continuar.
A obra de Loris Lai, apesar de se centrar em um tema pesado e sensível, traz uma luz ao discutir os sonhos de crianças em meio à escuridão. A esperança persiste mesmo quando as circunstâncias parecem indicar o contrário, e o filme “As Crianças de Gaza. Nas Ondas da Liberdade” é uma poderosa lembrança da necessidade de um novo caminho, onde a paz supera a guerra.