A prisão de Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis na Bahia, expõe escândalos dentro do sistema prisional brasileiro. Acusada de facilitar a fuga de 16 detentos, a ex-gestora foi presa há sete meses e agora enfrenta graves denúncia de envolvimento com o crime organizado e práticas irregulares enquanto ocupava o cargo. As investigações realizadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) revelam a profundidade de sua ligação com um detento foragido e o envolvimento em atividades criminosas que colocam em xeque a segurança do sistema penitenciário da região.
Romance e envolvimento com facção
De acordo com as investigações, Joneuma Silva Neres teria mantido um romance com o detento Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”. Além disso, a ex-diretora foi acusada de negociar “votos cativos” com políticos locais em troca de apoio para suas atividades na gestão do presídio. O processo judicial, com detalhes que a TV Bahia obteve em primeira mão, sugere um esquema complexo onde Joneuma atuava como intermediária, facilitando encontros entre “Dadá” e candidatos a cargos eletivos, os quais interessavam-se pela mobilização eleitoral de detentos e seus familiares.
A conspiratividade das eleições
Os depoimentos indicam que Joneuma usou sua posição para realizar encontros secretos com membros da criminalidade e candidatos políticos, elaborando uma rede de favores mútuos. Em troca do fornecimento de “eleitores cativos” — tanto do grupo de detentos que podiam votar quanto seus familiares e amigos — Uldurico Jr., o então candidato a prefeito de Teixeira de Freitas, prometeu apoio político a Joneuma, solidificando sua influência no presídio.
Essa relação complexa é reforçada pela acusação de que a ex-gestora teria arrecadado cerca de R$ 1,5 milhão através dessa intermediação. A defesa de Joneuma nega todas as acusações, afirmando que ela nunca recebeu valores ou participou de corrupção.
Crimes organizados e controle do presídio
A investigação ainda revela que Joneuma não só facilitou a fuga de presos, mas também implantou um regime de intimidação dentro do Conjunto Penal de Eunápolis. A ex-diretora teria influenciado contratações e demissões de funcionários, garantindo que pessoas leais ao crime organizado fossem colocadas em cargos chave. Aqueles que não se submeteram a suas ordens foram intimidadas ou demitidas, criando um ambiente de medo e subserviência.
Os depoimentos ressaltam que Joneuma e Dadá até mesmo mantiveram um relacionamento íntimo dentro do presídio, o que configura uma violação gravíssima das normas prisionais e levanta questões éticas sobre a gestão de unidades penais.
A fuga em massa e as consequências
No dia 12 de dezembro, a fuga de 16 detentos chocou os moradores de Eunápolis e chamou a atenção das autoridades. Os fugitivos, aliados de Dadá, conseguiram abrir um buraco no teto da cela que ocupavam e foram resgatados por um esquema que envolveu armas e veículos adequados. Mesmo após um alerta sobre o barulho feito na fuga, as ações de Joneuma indicam que ela não estava disposta a interromper o plano em andamento.
As medidas de segurança foram questionadas após a fuga, evidenciando não apenas a fragilidade do sistema, mas também a corrupção generalizada em suas estruturas. A situação se agravou com alegações de que Joneuma planejava fugir para o Rio de Janeiro, potencialmente encontrando-se com líderes da facção que ela supostamente apoiava.
O impacto da corrupção no sistema penitenciário
A situação em Eunápolis levanta uma questão importante sobre a corrupção dentro do sistema penitenciário brasileiro. A Blanca de penalização e investigação levantam a necessidade de reformas estruturais para evitar que casos como o de Joneuma se repitam. A presença de facções criminosas operando livremente dentro das unidades revela a urgência de uma abordagem mais rígida e supervisão efetiva por parte das autoridades e instituições adequadas.
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) declarou que está colaborando com investigações para punir qualquer transgressão ocorrida no presídio e reforçou que a segurança é uma prioridade. Contudo, o impacto da corrupção já está firmado nas memórias coletivas dos cidadãos que clamam por justiça e uma reforma real no sistema prisional.
Em meio a todas essas revelações, a situação de Joneuma Silva Neres se complica ainda mais. Atualmente, ela está presa com seu filho na cela do Conjunto Penal de Itabuna, após ter dado à luz enquanto estava sob custódia. A situação preocupa a família e levanta debates sobre a viabilidade de permitir que uma criança viva em um ambiente assim.
É um momento crítico para o sistema penitenciário e para a justiça no Brasil, e os desdobramentos desse caso continuarão a ser seguidos de perto pela imprensa e pela sociedade civil.