A Arco Escola-Cooperativa, localizada no bairro do Butantã, em São Paulo, adota um modelo inovador de gestão coletiva, sem diretores ou coordenadores. As decisões são tomadas por assembleias semanais envolvendo estudantes e professores, que também se responsabilizam pela limpeza e organização do ambiente. Essa abordagem visa promover uma educação mais inclusiva, democrática e participativa.
Gestão horizontal e envolvimento da comunidade
Formada por professores cooperados, a escola funciona com uma gestão horizontal, onde todos exercem funções que vão além do ensino, como a preparação de materiais didáticos e o atendimento aos pais. Segundo Leonardo Cordeiro, um dos fundadores e professor de música, a escola surgiu de uma necessidade de oferecer uma alternativa inovadora à educação tradicional, visando maior autonomia e diálogo entre estudantes e docentes.
“À medida que buscamos um ambiente mais democrático, promovemos relação de respeito e responsabilidade mútua, resolvendo conflitos por diálogo”, explica Cordeiro. Os professores recebem igual salário, independentemente das funções exercidas, e participam de diversas tarefas para a sustentação da escola.
Abordagem pedagógica e atividades comunitárias
A escola segue o currículo do MEC, mas aposta na integração entre disciplinas e na participação da comunidade local em atividades como o carnaval fora de época, promovendo maior conexão com o bairro. A proposta inclui formação socioemocional e o estímulo ao protagonismo dos estudantes, com valorização de suas individualidades.
Dessa forma, a Arco busca oferecer uma educação que vai além do currículo tradicional, promovendo autonomia e a construção de relações de confiança entre todos os atores escolares.
Contexto e panorama das cooperativas educacionais no Brasil
Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem atualmente cerca de 213 cooperativas de ensino no país, que atendem aproximadamente 190 mil cooperados, incluindo professores, pais e demais colaboradores. O setor gera cerca de cinco mil empregos diretos e movimentou R$ 802 milhões em 2023 (Fonte: O Globo).
Um exemplo de escola cooperativa mais antiga no Brasil é a Coopel, fundada em 1994 na cidade de Leme, interior de São Paulo. Liderada por Adriana Rebessi, a escola prioriza o desenvolvimento humano e a formação para a vida, adotando um método mais tradicional, com aulas de xadrez, inteligência emocional e programa de high school americano via plataforma FlexLearner, que garante dupla certificação para os estudantes.
Maria Silva, especialista em educação, avalia que o modelo cooperativo tem potencial para ampliar a educação de qualidade e fortalecer relações de diálogo e participação nas escolas. “A gestão democrática e a integração com a comunidade são caminhos essenciais para uma formação mais integral e humanizada”, afirma.
Com uma proposta diferente do modelo tradicional, as escolas cooperativas buscam transformar o cenário educacional brasileiro, fortalecendo o protagonismo de estudantes, professores e famílias na construção de uma educação mais justa e participativa.