Nesta quarta-feira (24), a ex-presidente Dilma Rousseff participou da cerimônia que comemorou os 10 anos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics, destacando a relevância da instituição para o futuro do desenvolvimento em um mundo cada vez mais fragmentado e desigual. Segundo Dilma, o banco deve atuar de forma coordenada, refletindo as realidades e as aspirações do século XXI.
Desafios globais e o papel do NDB
Durante o evento, Dilma avaliou que o cenário mundial mudou bastante desde a criação do NDB em 2015. “O mundo de hoje não é o mesmo de 2015. Está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas – crises climáticas, econômicas, geopolíticas”, afirmou. Ela criticou a manipulação de tarifas, sanções e restrições financeiras, apontando que esses instrumentos têm sido utilizados como ferramentas de “subordinação política”.
Ela também ressaltou que as cadeias produtivas estão sendo reformuladas por interesses geopolíticos, prejudicando a cooperação internacional. “O sistema financeiro internacional continua profundamente assimétrico, colocando os fardos mais pesados sobre aqueles com menos recursos”, explicou, reforçando a necessidade de instituições que possam responder às urgências atuais.
A missão do NDB frente aos desafios atuais
Para Dilma, a missão do Banco do Brics permanece “não apenas relevante, mas essencial”. Ela destacou que, ao longo de sua história, a instituição conseguiu construir confiança e eficiência, promovendo resultados concretos e defendendo valores como solidariedade, equidade e soberania. “Mostramos que há mais de uma maneira de promover o desenvolvimento”, afirmou.
Ela reforçou ainda que o objetivo do banco não é substituir instituições existentes, mas oferecer uma alternativa que compreenda os desafios específicos dos países emergentes. “Queremos apoiar suas opções e aspirações”, frisou.
Entenda o Banco do Brics e seu impacto
Fundado em 2015, o NDB tem como foco principal o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Segundo informações do próprio site da instituição, o banco já aprovou mais de 120 projetos e um total de US$ 39 bilhões (equivalente a mais de R$ 210 bilhões).
Embora criado pelos países do Brics, o banco permite a participação de outros países, como Uruguai, Argélia, Bangladesh e Colômbia, embora a entrada no grupo não garanta o acesso automático aos recursos do NDB.
O papel do Brics no cenário internacional
O bloco dos Brics atua como um foro político-diplomático do Sul Global, buscando ampliar sua influência em instituições internacionais como a ONU, FMI, Banco Mundial e OMC. “O objetivo é promover uma cooperação mais justa e equilibrada, criando também instituições específicas para seus países, como o próprio NDB”, explicou Dilma.
Por não ser uma organização internacional formal, o Brics não possui orçamento próprio ou secretariado permanente, mas tem sido uma plataforma importante para articulações que buscam sobretudo maior autonomia e influência no cenário global.
Para saber mais, acesse o site da Agência Brasil.