A desaceleração na variação do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) em 12 meses fechados em junho, que foi de 5,11%, quase metade dos 10,66% registrados no mesmo período de 2024, explica a preferência dos brasileiros pela compra de imóveis, mesmo com os juros elevados.
Sinais de maior robustez na compra de imóveis
Matheus Dias, economista do FGV Ibre, destaca que o mercado de compra de imóveis tem se mostrado mais “robusto” do que o de locação, apesar do cenário de juros restritivo com a Selic em 13,75%. Segundo ele, a expansão da renda e os financiamentos facilitados têm impulsionado essa tendência.
“Em um cenário de forte aumento de renda, a política monetária não tem atingido o setor imobiliário na mesma intensidade, mantendo o movimento de aquisição de imóveis aquecido.”
Financiamentos acessíveis e impacto na locação
Além disso, programas de financiamento como o Minha Casa, Minha Vida, com juros entre 4% e 8% em maio, mesmo com a Selic a 14,75%, continuam estimulando a compra. O volume de concessões de crédito imobiliário permanece elevado, influenciando positivamente as vendas e, paradoxalmente, a redução dos valores de locação.
De acordo com Dias, “a busca pela compra de imóveis está mais forte do que a locação e a desaceleração dos reajustes ajuda a entender essa dinâmica.”
Dados recentes e perspectivas futuras
No mês de julho, o Ivar subiu 1,02%, revertendo a queda de 0,56% registrada em maio. Entretanto, o economista reforça que a análise de 12 meses é mais representativa para entender a tendência do mercado imobiliário.
Ele afirma ainda que o mercado é influenciado por fatores de longo prazo, como o desemprego, que não apresenta variações significativas de um mês para o outro, e que a influência do aumento da Selic leva mais tempo, entre um ano e um ano e meio, para impactar completamente o setor.
Comportamento dos compradores
Pesquisa do DataZAP, divulgada pelo blog da Miriam Leitão, aponta que os juros mais altos não têm feito os brasileiros adiar o compra do imóvel, mas sim ajustar suas expectativas quanto ao tamanho e localização das unidades desejadas.
A preferência por unidades menores e em locais mais acessíveis demonstra uma adaptação do mercado às condições econômicas atuais, evidenciando uma resiliência do setor imobiliário frente às altas taxas de juros.
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