Um dia após ser exonerado do cargo de secretário de Transportes do Rio pelo governador em exercício Rodrigo Bacellar (União), Washington Reis (MDB) se dirigiu a Duque de Caxias, sua base eleitoral, nesta sexta-feira (4) para reunir autoridades e tratar de “assuntos de interesse público em geral”. Apesar da exoneração, a assessoria de Reis afirma que ele planeja continuar à frente de questões da secretaria até a próxima segunda-feira (7), quando deverá se encontrar com o governador Cláudio Castro (PL).
Ainda no papel de ex-secretário
O evento que reúne a cúpula dos Brics no Rio gerou a suspensão das atividades da Secretaria de Transportes nesta sexta. A Secretaria de Comunicação do governo confirmou que Castro retorna da agenda internacional em Portugal no próximo domingo, mas até o momento não se manifestou sobre a exoneração de Reis. A expectativa é que eles se encontrem logo no início da próxima semana para discutir os próximos passos.
Washington Reis foi afastado do cargo na última quinta-feira, no primeiro ato oficial de Rodrigo Bacellar durante sua gestão interina. A demissão ocorreu após conflitos entre os dois, com Bacellar citando a “insubordinação” do ex-secretário como uma razão para a decisão. Em declarações à TV Globo, Reis contestou a validade da demissão e sugeriu que a decisão de Bacellar foi uma tentativa de se destacar politicamente.
Escalando a tensão política
Em sua defesa, Reis afirmou que o governador Cláudio Castro havia garantido que ele permaneceria no cargo e criticou a decisão de Bacellar, chamando-a de “aparecimento”. “Ele [Bacellar] não foi eleito, ele não é governador. O governador está voltando na segunda-feira, e eu tenho uma ótima relação com ele”, rechaçou Reis. O ex-secretário compartilhou essa mensagem de apoio em reunião com o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), no projeto Fazenda Paraíso, voltado para a recuperação de dependentes químicos na região.
Além disso, Reis tem se aproximado do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que é considerado um potencial adversário de Bacellar nas próximas eleições estaduais de 2026. Essa aliança política, junto com a insistência de Reis em não apoiar Bacellar para o governo, amplia a tensão entre as figuras políticas em cenário eletrizante no estado.
Reações à exoneração e estratégia política
A demissão de Reis trouxe reações da direita, com apoiadores criticando Bacellar. O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) comentou nas redes sociais que “a soberba precede à ruína”, insinuando que a postura de Bacellar poderia levar a grandes repercussões políticas. Além dele, o líder do Partido Liberal na Câmara, Sóstenes Cavalcante, expressou apoio a Reis, apontando-o como o “futuro governador”.
Essas reações demonstram como a demissão de Reis não ocorreu em um vácuo político, mas sim em meio a um jogo complexo entre diferentes interesses e membros da classe política. A decisão de Bacellar, vista como um movimento estratégico, poderia impactar sua imagem e sua posição em futuros pleitos, especialmente com Reis já sendo considerado uma peça importante nas futuras eleições.
Uma nova fase para Washington Reis?
Recentemente, Reis, que enfrenta inelegibilidade devido a uma condenação por crime ambiental, obteve um sinal positivo do Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode mudar seu cenário político. Apesar da situação delicada, a possibilidade de um acordo de não persecução penal pode abrir novas portas para o ex-secretário, possibilitando que sua influência no cenário político permaneça relevante.
Com todas as mudanças ocorrendo no espaço político, Reis é visto como um potencial disruptor na corrida para 2026. Com o ex-secretário mantendo uma rede de apoio e influência em Caxias e no estado como um todo, Ele pode desafiar as expectativas de Bacellar, que busca se consolidar como um nome forte para as próximas eleições.
A situação é um lembrete de como a política é dinâmica e muitas vezes imprevisível, especialmente no estado do Rio de Janeiro, onde alianças e rivalidades moldam constantemente o futuro dos candidatos e suas agendas. Com as reuniões iminentes e as conversas que devem ocorrer em breve entre Reis e Castro, o desenrolar desta história ainda está longe de terminar.