Uma trágica história de traição e ganância emerge de Ribeirão Preto, São Paulo, onde o médico Luiz Antonio Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, foram acusados de envenenar a professora de pilates Larissa Rodrigues. O Ministério Público (MP) do estado alega que a motivação para o crime foi evitar a divisão de bens após Larissa solicitar o divórcio após descobrir a traição do marido. O caso destaca a complexidade das relações humanas e a tragédia que pode surgir sob a pressão do desamor e do desejo de possessividade.
A cronologia do crime
De acordo com o MP, os eventos que culminaram na morte de Larissa começaram quando ela anunciou ao marido que estava procurando um advogado para iniciar o processo de separação. Isso ocorreu na noite anterior ao crime, quando Garnica, aparentemente desesperado, conversou com sua mãe, que, segundo a investigação, ficou no apartamento do casal por cerca de quatro horas. No dia seguinte, Larissa, sem saber da armadilha que a aguardava, recebeu uma dose letal do veneno conhecido como “chumbinho”.
O envenenamento teria ocorrido ao longo de dias, com Larissa recebendo pequenas doses em sua comida e medicamentos, o que levou à sua morte no dia 22 de março. O promotor do caso, Marcus Túlio Nicolino, destacou que a intenção era fazer parecer que a professora sofreu de uma intoxicação crônica, evitando ligações diretas com o crime.
Movimentações suspeitas e interesse patrimonial
Após a morte de Larissa, Garnica demonstrou um intenso interesse em seus bens. Quatro dias depois do assassinato, ele acessou as contas bancárias da esposa para quitar parte do financiamento do apartamento em que viviam juntos. As movimentações financeiras levantaram suspeitas da polícia, que identificou várias transações feitas às custas de Larissa, incluindo o pagamento de contas e a solicitação de informações relacionadas ao seguro do imóvel.
As atividades bancárias de Garnica, envolvendo consultas sobre seguros e operações imobiliárias, sugerem um planejamento prévio que visava garantir a totalidade do patrimônio do casal. Testemunhas relembram que Larissa frequentemente sentia-se mal após as visitas da sogra, e que Garnica havia proibido a esposa de procurar ajuda médica, aumentando o quadro de suspeitas sobre as intenções dele e de sua mãe.
A defesa e as alegações
Ambos os acusados estão presos desde o dia 6 de maio, e agora enfrentam as acusações de feminicídio qualificado, com agravantes que incluem motivos torpes e o uso de um método cruel. Em seus depoimentos, as defesas tentam distanciar Garnica da culpa, alegando que sua mãe é a única responsável pelo crime. Para os advogados, não há evidências suficientes para justificar a prisão preventiva dos suspeitos.
A defesa de Elizabete Arrabaça afirma que a idosa não representa um risco à ordem pública e que ela deveria poder responder ao processo em liberdade. Já o advogado de Garnica sustenta a inocência do médico, reforçando que ele é um homem apaixonado que foi levado aos extremos por sua mãe.
Reflexão sobre a tragédia
Este caso traz à tona questões profundas sobre amor, possessividade e os limites da mente humana em busca de controle e poder. A busca insana por bens materiais pode destruir vidas e famílias, mostrando que, por trás das relações íntimas, podem existir segredos sombrios e tramas mortais. Enquanto a justiça avança, a memória de Larissa Rodrigues não deve ser esquecida, e sua trágica história é um lembrete poderoso sobre os riscos do amor quando se transforma em obsessão.
A comunidade de Ribeirão Preto se une em luto e busca por justiça, esperando que a verdade prevaleça e que aqueles que tiraram a vida de uma professora dedicada enfrentem as consequências de suas ações. O caso de Larissa é uma tragédia, mas também uma chamada à reflexão sobre o amor, a traição e os limites do que o ser humano pode fazer para preservar seu patrimônio e controle.