O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (3) que seu governo pode iniciar o envio de cartas oficiais a diversos países já nesta sexta-feira, estabelecendo tarifas unilaterais antes do prazo final de 9 de julho para as negociações sobre impostos de importação. A medida faz parte de uma estratégia de pressionar parceiros comerciais com tarifas adicionais, em meio a uma tensão crescente nas relações comerciais globais.
Tarifas “recíprocas” e negociações em andamento
Trump anunciou a possibilidade de enviar cerca de 10 cartas por dia, informando os países sobre as tarifas que terão que pagar para fazer negócios com os EUA. “Provavelmente começaremos a enviar algumas cartas amanhã, talvez 10 por dia, para vários países, dizendo o que eles terão que pagar”, declarou à imprensa, ao deixar Washington a caminho de um evento em Iowa.
O presidente destacou que, embora tenha suspendido por 90 dias a imposição de tarifas adicionais, uma nova ofensiva tarifária deve ser iniciada antes do fim desse período, caso os acordos de negociação não avancem. Desde abril, Trump anunciou tarifas “recíprocas” mais altas, mas as suspendeu temporariamente para dar tempo às tratativas.
Impacto nas relações comerciais e acordos recentes
Até agora, o governo Trump anunciou acordos comerciais com o Reino Unido e o Vietnã, além de uma trégua com a China, que resultou na redução de tarifas retaliatórias por parte das duas maiores economias do mundo. Questionado sobre a possibilidade de novos acordos, Trump respondeu que há “mais alguns” em andamento, mas que prefere a abordagem de enviar cartas com as tarifas a serem aplicadas.
Tarifas sobre o Vietnã
Na quarta-feira, o presidente anunciou que os EUA aplicarão uma tarifa de 20% sobre as exportações vietnamitas e de 40% sobre produtos que forem considerados redirecionados pelo país — prática comum na remarcação de componentes chineses. Apesar de menores que os 46% inicialmente previstos, esses percentuais representam um aumento significativo em relação aos 10% aplicados durante as negociações.
Investidores reagiram positivamente ao anúncio, elevando as ações de empresas americanas com operações no Vietnã. No entanto, muitos detalhes do acordo ainda não foram divulgados oficialmente, e a Casa Branca ainda não lançou um decreto formal.
Desafios com parceiros e horizonte de negociações
Embora alguns aliados, como o Vietnã, tenham aceitado sobretaxas, países importantes como Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia ainda tentam fechar seus próprios acordos com os EUA. Trump demonstrou otimismo quanto à Índia, mas reforçou sua postura dura com o Japão, afirmando que Tóquio deve pagar tarifas de 30%, 35% ou o valor que decidir.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a decisão final sobre a extensão do prazo das negociações caberá a Trump. “Vamos fazer o que o presidente quiser, e ele determinará se estão negociando de boa-fé”, declarou à CNBC, reforçando a determinação do governo de avançar com suas tarifas unilaterais.
Com o prazo de 9 de julho se aproximando, o cenário indica uma possível escalada das tarifas americanas, que podem impactar o comércio global e acirrar a disputa entre as maiores economias do planeta.