A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta quinta-feira (3) que a estatal pretende aumentar o escoamento de gás natural para a costa brasileira, visando tornar o combustível mais barato para as indústrias. A iniciativa faz parte de um pacote de investimentos de mais de R$ 33 bilhões no refino e na petroquímica no Rio de Janeiro, anunciado recentemente pela empresa.
Esforços para baratear o gás natural
Durante apresentação a jornalistas, Chambriard destacou que quanto mais gás for levado para a costa, menor será o preço para a sociedade. “Quanto mais gás a gente conseguir trazer para costa, mais barato será esse gás para a sociedade”, afirmou. A estratégia está relacionada à integração de diferentes operações, incluindo a Rota 3, que conecta os campos de pré-sal da Bacia de Santos ao litoral do Sudeste, e unidades petroquímicas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Investimentos e possibilidades de redução de preços
Ao ser questionada se esses investimentos poderão impactar a redução do preço do gás natural, Magda Chambriard ressaltou que o processo não é imediato, mas que a estatal trabalha para isso. “Estamos sempre querendo abrasileirar preços e entregar o produto de forma mais acessível”, explicou. A política de preços adotada pela Petrobras leva em conta fatores como o custo de produção nacional e a participação no mercado interno, buscando evitar oscilações bruscas influenciadas pelo mercado internacional.
Preços elevados e desafios para a indústria
O preço do gás natural no Brasil é atualmente considerado alto pelos empresários do setor. Em abril, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o gás brasileiro chega a ser dez vezes mais caro que o americano e o dobro do europeu. Esses custos elevados dificultam a competitividade e a reindustrialização do país, conforme destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Recentemente, o ministro reforçou a necessidade de reduzir preços para ampliar a indústria no Brasil, ressaltando a força da Petrobras como controladora do setor. “É preciso equilibrar a força empresarial com as necessidades do Brasil”, afirmou.
Desafios e estratégias de escoamento
Magda Chambriard explicou que o petróleo e gás do offshore brasileiro vêm de regiões distantes da costa — centenas de quilômetros de distância. Ela destacou que novas plataformas da Petrobras, como o projeto Búzios 12, estão sendo planejadas para criar um hub de gás, o que facilitará trazer mais gás para a costa e, assim, baratear os custos.
Ela também ressaltou que, apesar de importar gás de países vizinhos como Argentina e Bolívia, o principal problema não está na importação em si, mas no preço acessível para o mercado interno. “Trazer gás para o Brasil a preços acessíveis é o grande desafio”, afirmou.
Chambriard citou ainda o esforço da Petrobras em consórcio com a Ecopetrol, estatal colombiana, em grandes campos de gás na Colômbia, embora ainda não seja certo se esse gás será suficiente para atender a demanda brasileira.
A estratégia da Petrobras visa aumentar o volume de gás natural disponível, contribuindo para uma redução potencial nos custos e para o fortalecimento da indústria brasileira, que atualmente enfrenta altos preços, impactando o crescimento econômico do país.