A Petrobras detalhou nesta quinta-feira (3) um plano de investimentos no valor superior a R$ 33 bilhões no estado do Rio de Janeiro até 2029. A iniciativa, parte do seu plano de negócios, contempla ações em refino, petroquímica, energias sustentáveis e infraestrutura, com previsão de gerar aproximadamente 38 mil empregos diretos e indiretos.
Investimentos estratégicos na refinaria e petroquímica
As cifras incluem recursos da Braskem, maior companhia petroquímica da América Latina e sexta maior do mundo, na qual a Petrobras detém participação acionária relevante. Segundo Magda Chambriard, presidente da Petrobras, o projeto é “gigantesco” e visa integrar diferentes áreas, como a Rota 3 de escoamento de gás natural do pré-sal, o Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e uma unidade da Braskem em Duque de Caxias.
“Estamos falando de um megaprojeto para o estado do Rio de Janeiro que vai além da exploração e produção tradicionais de petróleo”, afirmou a executiva. Ela ressaltou o esforço conjunto para agregar valor, emprego e renda às regiões envolvidas, promovendo uma transformação industrial significativa.
Detalhes da expansão na Reduc e Complexo Boaventura
O investimento na Reduc e no Complexo Boaventura deve alcançar R$ 26 bilhões, com a geração de 30 mil empregos. Entre as melhorias, haverá aumento na produção de Diesel S10, com redução do teor de enxofre, em 76 mil barris diários, além de incremento na fabricação de querosene de aviação e lubrificantes, ambos a partir de petróleo do pré-sal, reduzindo importações atuais.
A integração dessas unidades permitirá também a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e de produtos derivados de rerefino. A Rede de Refino passará por uma parada programada de manutenção, estimada em R$ 2,4 bilhões até 2029, não incluídos no capex total, mas no orçamento operacional da companhia. Ainda neste ano, aproximadamente 18 mil pessoas estarão envolvidas nesse processo de manutenção.
Inovação em combustíveis renováveis
Testes com combustíveis com conteúdo renovável terão início em julho, começando com o diesel R7 (7%) e, posteriormente, com o diesel R10 (10%). Segundo William França, diretor executivo de Processos Industriais e Produtos, a autorização para comercialização desses produtos já foi concedida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Já podemos hoje comercializar”, afirmou França, que destacou o avanço na produção de combustíveis menos poluentes.
Redução de importações e novos produtos químicos
O plano também contempla estudos para a produção de ácido acético e monoetileno glicol na região, visando diminuir a dependência das importações desses insumos utilizados na fabricação de tintas, plásticos e PET.
Ampliação na Braskem e energias renováveis
A unidade da Braskem em Duque de Caxias receberá investimentos de R$ 4,3 bilhões, visando ampliar sua capacidade de produção de polietileno em 230 mil toneladas por ano, gerando cerca de 7,5 mil empregos. Apesar de a Petrobras deter 47% das ações com direito a voto, os recursos virão do caixa da própria Braskem, que deverá concluir o projeto em 2028.
Além disso, o pacote prevê a construção de três novas usinas termelétricas, cada uma com capacidade de 400 MW, com duas unidades no Complexo Boaventura. A iniciativa visa garantir a segurança energética do estado, especialmente com a modernização da usina da Reduc, prevista para gerar 640 empregos diretos e indiretos e investir aproximadamente R$ 860 milhões até 2029.
O papel do Rio de Janeiro como capital do petróleo
De acordo com Magda Chambriard, o investimento reforça o status do Rio de Janeiro como “capital do petróleo” no Brasil, demonstrando o compromisso da Petrobras com o desenvolvimento da região. Estima-se que, além dos 38 mil empregos diretos, aproximadamente 70 mil empregos relacionados às atividades de manutenção e operação também estejam ligados ao crescimento industrial na área.
William França destacou que todos os projetos estão “caminhando muito bem”, sem obstáculos jurídicos ou problemas de licença de operação, demonstrando sustentabilidade e avanço no cronograma.
Para acompanhar os investimentos, a presidente esteve em Portugal e retorna nesta sexta-feira (4), quando acompanhará a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Reduc, para reforçar o compromisso com o desenvolvimento energético e industrial do estado.
Mais detalhes sobre o plano de investimentos podem ser consultados na matéria da Agência Brasil.
