Um pastor foi condenado por molestar sexualmente uma paroquiana, enquanto fingia estar “exorcizando demônios” de seu corpo. Walter Masocha, que fundou a Igreja Agape para Todas as Nações em 2007, foi declarado culpado de uma série de abusos sexuais que se estenderam por seis anos, afetando pelo menos duas mulheres.
O caso e as vítimas
Durante o julgamento no High Court de Livingston, foi revelado que Masocha, de 61 anos, repetidamente assediou uma mulher casada na sua casa em Stirling, afirmando que ela era um presente de Deus. Uma testemunha de 39 anos, originária do Zimbábue, relatou que ele começou a abusar dela quando tinha apenas 20 anos, e a maioria dos fiéis o chamava de “Pai” ou “Daddy”, tratando-o como uma figura paterna.
A mulher contou ao tribunal que o pastor a fazia acreditar que tinha uma “relação especial” com ela, dizendo: “Deus disse que eu preciso cuidar de você e me deu um amor especial por você”. Ela detalhou momentos de abuso, incluindo um incidente em que Masocha a atacou em sua casa, forçando-a a congelar de medo antes que ela conseguisse escapar.
A manipulação religiosa como forma de controle
Outras vítimas também compartilharam suas experiências. Uma mulher de 58 anos relatou que Masocha a submeteu a abusos sexuais, alegando que estava “removendo demônios” e concedendo bênçãos. Esses abusos, segundo a promotoria, utilizavam a posição de poder do pastor para manipular e coagir as fiéis.
O advogado de acusação, Michael MacIntosh, destacou que as mulheres procuravam oração e encontraram-se sendo alvo de um predador. “Walter Masocha não era apenas um pastor; ele era um predador que acreditava que seu poder o tornava imune a suspeitas”, disse ele. Este uso da fé como ferramenta de manipulação levanta questões críticas sobre a responsabilidade de líderes religiosos e a necessidade de proteção para as congregações.
Resposta do acusado
Em sua defesa, Masocha negou todas as acusações, chamando suas acusadoras de mentirosas. Ele tentou se distanciar das alegações, afirmando que as vítimas fabricaram as histórias contra ele. Entretanto, o material apresentado pela acusação foi contundente, levando o júri a deliberar e encontrar Masocha culpado de vários crimes, incluindo a tentativa de estupro.
A condenação e as implicações futuras
A juíza Susan Craig solicitou relatórios de fundo e uma avaliação de risco antes da sentença, adiantando que o comportamento de Masocha foi “chocante” e que uma pena de prisão seria inevitável. Ele foi enviado para a prisão até o julgamento, onde pode enfrentar uma longa sentença.
A juíza também alertou que o nome de Masocha provavelmente permanecerá no registro de ofensores sexuais por tempo indeterminado, além de ser proibido de ter contato com grupos vulneráveis. Esta condenação vem à tona em meio a uma reflexão maior sobre o abuso de poder nas instituições religiosas, um fenómeno que já foi observado em diversas partes do mundo.
Histórico de condenações
Em 2015, Masocha já havia sido condenado por assediar sexualmente uma mulher em sua igreja e envolvido em atividades sexuais inapropriadas com uma estudante. Na época, ele recebeu uma pena leve, que foi posteriormente anulada em um apelo, classificando-o como vítima de uma injustiça.
No entanto, com as novas alegações e as provas apresentadas no tribunal, sua imagem como líder religioso foi irremediavelmente manchada, revelando a necessidade urgente de mais supervisão e regulamentação para prevenir abusos semelhantes. As instituições de fé devem ser um santuário e não um campo de exploração.
O caso de Masocha destaca como figuras de autoridade podem abusar de sua posição e a importância de proporcionar um ambiente seguro para todos os membros da congregação.