Na tarde desta quinta-feira, 3 de julho de 2025, a sede do Itaú BBA, localizada na Avenida Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo, foi invadida por manifestantes dos movimentos sociais de esquerda, como a Frente Povo Sem Medo e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). O ato, que durou aproximadamente duas horas e meia, exigia a taxação dos super-ricos e a isenção do imposto de renda para cidadãos que recebem até R$ 5 mil mensais. As pautas revelam a atual agenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Reação dos aliados de Bolsonaro
O movimento gerou uma série de reações entre os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Fabio Wajngarten, ex-advogado de Bolsonaro, expressou sua indignação ao comparar a invasão à ocupação da sede do Congresso Nacional ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro tentaram depor a democracia brasileira em protesto contra a vitória de Lula. “A invasão de propriedade privada na Faria Lima que ocorre nesse momento em SP condenará os autores a mais de 10-15-18 anos de cadeia?”, questionou Wajngarten em postagem nas redes sociais.
Além disso, ele pediu ações imediatas da polícia: “A polícia tem que prender todos imediatamente que invadiram a propriedade privada. Os bandidos devem ser identificados, separados, todos em ônibus, fichados, presos e sentenciados em 15 dias”. Para muitos, essa declaração evidenciou um tom de urgência em garantir a ordem pública, refletindo a história recente do Brasil em relação a protestos e manifestações.
Classificação dos manifestantes
O senador Sergio Moro (União-PR) também se manifestou sobre o incidente, chamando os participantes de “militantes do Boulos”, referindo-se ao deputado federal Guilherme Boulos, uma figura destacada nos movimentos sociais. “A turma da baderna não tem limites”, criticou o senador, acrescentando que era um reflexo de um clima de desordem que invade o país.
Outros políticos, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), questionaram se a suposta impunidade se aplicaria apenas aos manifestantes de verde e amarelo, levantando a bandeira do que consideram ser um tratamento desigual por parte da justiça brasileira. A tensão entre ideologias tem se intensificado, refletindo os altos e baixos da política brasileira nos últimos anos.
Motivação do protesto
Os integrantes da Frente Povo Sem Medo e do MTST deixaram o prédio de maneira pacífica após a manifestação, mas os líderes do movimento deixaram um aviso claro: “A ocupação não é somente uma ação simbólica, é uma denúncia clara: os donos do Itaú, que compraram esse prédio por R$ 1,5 bilhão, pagam menos imposto que a maioria esmagadora do nosso povo, que luta para pagar aluguel e comer”. Essa declaração ressalta a crescente insatisfação social e os clamorosos apelos por justiça tributária no Brasil.
Cenário político e social
O ato ocorreu em um contexto onde os grupos de esquerda intensificam críticas ao Congresso Nacional, classificado como “inimigo do povo”. As redes sociais têm fomentado esse argumento, utilizando hashtags como #CongressoDaMamata e publicando imagens que simbolizam o descontentamento popular em relação ao sistema político. Ao mesmo tempo, o governo tem promovido uma narrativa de “ricos contra pobres”, que divide ainda mais a opinião pública.
Guilherme Boulos, um dos principais representantes do PSOL e ligado aos movimentos sociais, comemorou a ação dos manifestantes. “Pra cima! O MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído”, escreveu Boulos em suas redes sociais.
Por outro lado, a Frente Povo Sem Medo foi considerada um dos principais braços de mobilização da esquerda para atos de rua desde sua criação em 2015, quando organizou manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff e, mais recentemente, ações ligadas à Operação Lava-Jato.
A invasão da sede do Itaú, respaldada por agendas populistas e críticas às políticas tributárias, destaca um momento crucial na relação entre os ricos e pobres no Brasil. O impacto disso nas próximas eleições e no cenário político ficará evidente à medida que a polarização se torna mais acentuada.