Nesta quinta-feira (3), a Câmara dos EUA aprovou o controverso projeto de lei conhecido como “One Big Beautiful Bill Act”, pouco antes de o presidente Donald Trump assinar a proposta, em comemoração ao Dia da Independência. A legislação visa ampliar financiamentos e alterações em diversos setores, incluindo imigração, saúde, educação e questões ambientais.
Reações da Igreja Católica e críticas ao projeto
Após a aprovação, o arcebispo Timothy Broglio, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB), emitiu uma declaração condenando os impactos sociais da lei. “A legislação causará grande dano aos mais vulneráveis na sociedade”, afirmou Broglio, destacando cortes em programas de saúde, alimentação, e alterações nas políticas de imigração.
Ele também lamentou a redução de fundos para o atendimento ao planejamento familiar, o enfraquecimento de políticas de educação parental e a eliminação de restrições ao uso de recursos federais para procedimentos de transição de gênero. “A Igreja Católica se mantém firme na defesa da dignidade humana, mas lamenta as decisões que prejudicam os mais necessitados”, acrescentou Broglio.
Impacto na saúde e imigração
Desfinanciamento de organizações pró-vida
Entre as medidas, destaca-se a suspensão de um ano na verba pública para Planned Parenthood, principal fornecedora de serviços de saúde reprodutiva, incluindo aborto. Segundo Marjorie Dannenfelser, líder da organização pró-vida Susan B. Anthony Pro-Life America, essa conquista representa “uma vitória histórica” contra o financiamento da indústria do aborto, além de uma redução de mais de US$ 500 milhões nas receitas do setor.
“Isto é um avanço importante para os direitos pró-vida e representa uma vitória desde a decisão do Supremo Tribunal no caso Dobbs”, afirmou Dannenfelser, referindo-se à vitória judicial que derrubou a proteção federal ao aborto.
Política de imigração e segurança na fronteira
A administração Trump também destacou o aumento no financiamento de segurança migratória. Com mais de US$ 150 bilhões destinados ao reforço das fronteiras, o governo planeja deportar cerca de 1 milhão de imigrantes sem documentação por ano, expandindo a capacidade de detenção e contratação de agentes migratórios.
No entanto, a política enfrentou críticas de líderes religiosos e ativistas. O arcebispo Cardinal Robert McElroy, de Washington, D.C., descreveu as ações de deportação em massa como “morally inaceitáveis” e “desumanas”. “O sistema precisa reformar suas leis, não ampliar o pavor entre imigrantes”, afirmou.
Repercussões e opinião pública
De acordo com uma pesquisa recente da Universidade Quinnipiac, 64% dos eleitores apoiam uma via de regularização para a maioria dos imigrantes ilegais nos EUA, enquanto 31% preferem deportação total. A aprovação do projeto provoca divisões e reacende debates sobre os valores morais, sociais e econômicos do país.
Enquanto isso, a congressista Elise Stefanik divulgou que a legislação reforça a segurança nas fronteiras, e sua administração ressaltou que continuará promovendo políticas de reforço na fiscalização migratória e cortes em programas considerados “não essenciais”.
Apesar das controvérsias, o projeto agora segue para sanção presidencial, que pode assinar ou vetar a lei antes do feriado de 4 de julho, marcando uma semana decisiva na política interna dos EUA.