O rapper e empresário Sean “Diddy” Combs foi condenado nesta semana a dois crimes relacionados ao transporte de suas ex-parceiras e outros profissionais do sexo nos Estados Unidos. O julgamento, realizado em Nova York, terminou com a condenação de Combs por duas dessas acusações, enquanto ele foi absolvido de acusações mais graves de tráfico sexual e conspiração para crime organizado.
Condenações e acusações não comprovadas
O júri manhattanense considerou Combs culpado por transporte para fins de prostituição envolvendo suas ex-namoradas Cassie Ventura e uma mulher anonymizada conhecida como Jane. Ele foi acusado de violar a Lei Mann ao viajar pelo país com suas parceiras e profissionais do sexo pagos para participar de atos sexuais, podendo enfrentar até 20 anos de prisão.
Apesar da condenação por esses dois delitos, Combs foi absolvido de acusação de conspiração para assalto e de tráfico de sexo por força, fraude ou coerção, como informou uma fonte próxima ao caso. O artista, que rejeitou um acordo de colaboração antes do julgamento, optou por não testemunhar durante o processo.
Denúncias de abusos e testemunhos de vítimas
Testemunhos marcantes
Durante as semanas de julgamento, testemunhas de defesa relataram comportamentos violentos do rapper nas suas relações domésticas, mas os promotores argumentaram que Combs liderava uma organização criminosa que utilizava sua fama para cometer crimes violentos, incluindo sequestro, incêndio criminoso, trabalho forçado e suborno.
As principais testemunhas foram as ex-parceiras Ventura e Jane, além de funcionários e agentes policiais. Cassie Ventura alegou que Combs a obrigava a participar de sessões sexuais com profissionais do sexo masculinos, fornecendo drogas como ecstasy e MDMA, em eventos chamados de “freak-offs”, alguns dos quais foram filmados.
Repercussões emocionais e denúncias pessoais
A mãe de Cassie, Regina Ventura, disse em depoimento que Combs pediu US$ 20 mil e ameaçou divulgar vídeos íntimos da filha. Cassie também abriu um processo civil contra Combs, que foi resolvido por US$ 20 milhões em novembro de 2023. “Ela deixou uma marca indelével na luta por justiça”, afirmou seu advogado, Douglas Wigdor.
Jane revelou que, após a denúncia, começou a perceber mudanças no comportamento de Combs, que se tornou mais agressivo e menospático. Ela relatou agressões físicas durante encontros sexuais “sombrios” e “sleazy”, e afirmou que ele a incentivava a continuar uma série de atos contra sua vontade.
Testemunhos de figuras públicas e impacto na sociedade
Entre os testemunhos, destacaram-se o de Dawn Richard, ex-colega de banda de Combs, que relatou agressões físicas, e o de Kid Cudi, que afirmou que o rapper retaliou contra ele após uma relação com uma ex-namorada de Combs.
Segundo informações, Combs reconheceu, em contra-ataques, comportamentos violentos em relacionamentos, mas argumentou que estas ações não constituíam tráfico sexual. O artista ainda responde a várias ações civis por abuso e assédio sexual.
Próximos passos e interpretações do julgamento
Combs evita a prisão definitiva neste momento, mas pode receber uma pena de até 20 anos de prisão por sua condenação menor. O julgamento foi considerado um marco na luta contra abusos de figuras de destaque na indústria do entretenimento, com opiniões divididas sobre as próximas etapas do processo legal do artista.
A defesa de Combs anunciou que poderá apelar da sentença, contestando as acusações e as evidências apresentadas pelos promotores. A decisão ainda gera debates sobre a responsabilização de personalidades públicas em casos de abuso e tráfico sexual.