Os presidentes do PSB, João Campos, e do Cidadania, Comte Bittencourt, acertaram nesta quarta-feira, em Brasília, a formação de uma federação entre as duas legendas. A decisão, segundo interlocutores, estabelece as bases para a união, restando agora apenas questões burocráticas a serem resolvidas.
Projeto conjunto em andamento
Bittencourt comentou sobre a reunião, afirmando que o entendimento em torno de um projeto conjunto está bem encaminhado. “Temos agora que cumprir os prazos legais. Politicamente, o desejo de ambos os partidos é construir um projeto em conjunto”, destacou.
Desempenho eleitoral e cláusula de barreira
Atualmente, o PSB conta com 15 deputados e o Cidadania, cinco. A nova aliança surge como uma estratégia para que ambos os partidos não sejam afetados pela cláusula de barreira, uma legislação que estabelece que em 2026, para manter acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda em rádio e televisão, as legendas deverão eleger 13 deputados federais ou obter 2,5% dos votos válidos para a Câmara e 1,5% em pelo menos nove estados.
Com a federação, as siglas juntarão os desempenho de todos os seus candidatos, aumentando assim as chances de atender aos requisitos legais. Contudo, ao unirem forças, os partidos também estarão obrigados a atuar na Câmara, no Senado, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais como se fossem uma única entidade. Essa proposta será considerada na distribuição das vagas nas comissões.
Orientação política e alinhamento em 2026
Outro ponto importante da federação é que, para 2026, as duas legendas precisarão apoiar um candidato a presidente em comum. Em 2022, o PSB se alinhou com a candidatura de Lula e indicou Geraldo Alckmin como vice. Por outro lado, o Cidadania apoiou, no primeiro turno, Simone Tebet (MDB) e, na etapa final, declarou apoio ao petista.
Essa colaboração entre os partidos não é uma novidade. Na segunda-feira, a executiva do Cidadania aprovou de forma unânime a abertura de negociações com o PSB. Vale ressaltar que o Cidadania já possui uma federação estabelecida com o PSDB desde 2022, e sua direção está em consulta com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para verificar a possibilidade de romper essa união antes do período mínimo de quatro anos exigido.
O futuro das federações partidárias no Brasil
A formação de federações partidárias no Brasil representa uma estratégia importante diante dos desafios da política contemporânea, caracterizada por ambientes eleitorais cada vez mais exigentes e competitivos. O fortalecimento de coligações como a antara o PSB e o Cidadania poderá ter um impacto significativo nas próximas eleições, possibilitando que partidos de médio porte consigam sobreviver e ter representação efetiva nos âmbitos legislativos.
Essa nova federação também ilustrará como as dinâmicas políticas estão se adaptando a novas legislações e exigências, especialmente no que tange à sobrevivência partidária. Com o cenário político em constante mudança, é essencial que os partidos façam escolhas estratégicas que garantam sua relevância, tanto em termos de representação quanto de recursos financeiros.
Por fim, observar como essa nova união se desenrolará será crucial não apenas para os próprios partidos envolvidos, mas também para o eleitorado brasileiro, que cada vez mais busca por alternativas viáveis e representativas dentro do sistema político.