Na manhã desta quarta-feira (02/07), a Sala de Imprensa da Santa Sé foi palco da apresentação do Manifesto dos jovens cristãos da Europa, um documento instigante que visa colocar os jovens no centro das discussões sobre a crise demográfica e social enfrentada pelo continente. Em um contexto onde a população está cada vez mais envelhecida, os jovens clamam por espaço para se expressarem e contribuírem ativamente para a Igreja e para a sociedade.
Uma nova voz para a juventude
“Pedimos à Igreja que confie em nós. Deixe-nos servir e deixe-nos crescer.” Esse é o cerne da mensagem transmitida pelos jovens no Manifesto, que foi apoiado por diversas conferências episcopais e movimentos eclesiais. Segundo Guglielmo Gallone, do Vatican News, o manifesto surge como uma resposta aos desafios existenciais e espirituais que a juventude enfrenta em um mundo cada vez mais complexo. “Não somos turistas espirituais. Somos peregrinos de sentido. Chegamos com mochilas cheias de dúvidas, feridas, canções e esperança”, afirmam os jovens, reforçando a necessidade de um espaço de escuta e diálogo na Igreja.
A origem do manifesto
A iniciativa faz parte do projeto “Roma 25 – Santiago 27 – Jerusalém 33”, promovido pela Conferência Episcopal Espanhola, que visa revitalizar a fé e o compromisso dos jovens na Igreja. O lançamento oficial do Manifesto ocorrerá na Basílica de Santa Maria em Trastevere, durante o Jubileu da Juventude, programado para agosto de 2025. O bispo de Palência, Mikel Garciandía Goñi, destacou como a proposta foi gestada durante uma reflexão no Monte Saint-Michel, apontando para a importância de um caminho que se inicia em Roma e continua em direção a Santiago e Jerusalém, simbolizando um itinerário de fé e esperança.
A importância da peregrinação
Com base nas reflexões de sonseñor Graziano Borgonovo, subsecretário do Dicastério para a Evangelização, a mensagem central é clara: “Seguir Cristo não é ficar parado, mas deixar o comodismo, o cinismo, a indiferença”. O chamado à ação é explícito, sugerindo que a Igreja não ignore as vozes dos jovens, que em sua busca por significado contribuem para um futuro mais sólido. Em um cenário repleto de transformações, a peregrinação é vista como um símbolo de esperança e busca espiritual, e o contexto atual exige que os jovens sejam ouvidos e respeitados.
Qual o papel da Igreja na vida dos jovens hoje?
O arcebispo de Santiago de Compostela, dom Francisco José Prieto Fernández, enfatizou a importância das palavras dos papas sobre a Europa e o papel que a Igreja deve desempenhar na vida dos jovens. O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, também expressou gratidão por um itinerário que une cristãos de diversas origens e busca a paz em um mundo dividido. O Manifesto vem, portanto, como um desafio à Igreja para criar um espaço de diálogo aberto, onde as incertezas e demandas da juventude possam ser discutidas honestamente.
Fernando Moscardó Vegas, um dos jovens envolvidos na elaboração do Manifesto, destacou que não vieram para fazer política, mas para anunciar o Evangelho, trazendo uma mensagem de fé e esperança. Este anseio por uma Igreja que ouça e valorize os jovens é fundamental em tempos em que muitos se sentem distantes das instituições religiosas. O Manifesto surge também como um lembrete de que a juventude está em busca de propósito, e a Igreja deve estar disposta a ouvi-los e oferecer espaço para que possam crescer e servir.
Assim, o Manifesto dos jovens cristãos da Europa se torna um farol de esperança, convocando a Igreja e a sociedade para participarem ativamente no diálogo e na construção de um futuro mais inclusivo, onde os jovens sejam reconhecidos como protagonistas da própria história.
O desafio está lançado; a viagem começou, e as vozes dos jovens pedem para serem ouvidas. A esperança renasce na coragem de se colocar a caminho.