Após participar das celebrações do Dois de Julho em Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá à Argentina na quinta-feira (3) para assumir a presidência rotativa do Mercosul até o final deste ano. Durante uma entrevista ao Jornal da Manhã, na TV Bahia, Lula expressou suas esperanças de assinar o maior acordo na história entre o Mercosul e a União Europeia.
A importância do acordo Mercosul – União Europeia
De acordo com Lula, este acordo representa um marco significativo nas relações comerciais internacionais, envolvendo 722 milhões de pessoas e um produto interno bruto (PIB) combinado de 27 trilhões de dólares. A expectativa é que a assinatura do tratado, que é discutido desde 1999, ocorrerá durante a sua presidência do Mercosul.
“Eu assinarei o acordo Mercosul – União Europeia nesse meu mandato de Presidência do Mercosul. Vai ser o maior acordo comercial da história”, afirmou Lula, ressaltando a importância desse tratado não apenas para o Brasil, mas para toda a América do Sul, que se tornaria parte de uma rede comercial mais ampla.
Desafios e críticas no caminho
Embora tenha o apoio de diversas nações, o caminho para a assinatura do acordo não é simples. O presidente francês Emmanuel Macron já manifestou preocupações sobre as diferenças nas exigências ambientais entre os dois blocos, considerando que as normas para produtores europeus são mais rígidas do que para os sul-americanos. Lula, por sua vez, está disposto a dialogar com Macron para encontrar um meio termo que permita o avanço das negociações.
No entanto, a cúpula do Mercosul não se limitará apenas às discussões sobre o acordado com a União Europeia. Outros temas relevantes estão na pauta, incluindo a cooperação no combate ao crime organizado e estratégias para a agricultura de baixo carbono. Isso demonstra um esforço do Mercosul em abordar questões globais relevantes à segurança e sustentabilidade.
O acordo com a EFTA e os próximos passos
Além do acordo com a União Europeia, Lula também espera que um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) seja anunciado durante sua visita a Buenos Aires. Esse acordo, que envolve Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, foi negociado desde 2017 e promete incrementar o comércio entre os países do Mercosul e a EFTA em cerca de 7 bilhões de dólares a cada ano.
Este acordo inclui a regularização de serviços, investimentos, compras governamentais, e medidas de facilitação do comércio, além de abordar questões de meio ambiente e propriedade intelectual. O Itamaraty projeta que esse tratado possa aumentar o PIB brasileiro em 5,2 bilhões de dólares ao longo de 15 anos.
Conclusão
Com esses desenvolvimentos, a passagem de Lula pela presidência do Mercosul representa uma oportunidade histórica para aprofundar as relações comerciais entre a América do Sul e mercados mais amplos, como a Europa. O potencial de crescimento econômico e as promessas de cooperação em diversos setores fazem deste um momento crucial para a diplomacia brasileira. Os desafios existem, especialmente em relação às normas ambientais, mas o governo Lula segue otimista frente ao futuro das negociações.
Assim, enquanto Lula se prepara para sua viagem à Argentina, o olhar do Brasil e do mundo estará voltado para a possibilidade de um novo capítulo nas relações comerciais entre duas das maiores economias do mundo.