O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se viu forçado a cancelar suas agendas no mês de julho devido a um ultimato recebido de sua equipe médica, após episódios de mal-estar em Brasília. Acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-mandatário foi informado de que suas recentes crises de soluço são consequência de uma esofagite provocada pelo uso prolongado de uma sonda nasogástrica, após cirurgia realizada em abril. Para evitar novas crises, os médicos recomendam que Bolsonaro cumpra um regime rigoroso de repouso e práticas de exercícios regulares.
A situação médica de Bolsonaro
O cirurgião Cláudio Birolini, responsável pelo último procedimento cirúrgico do ex-presidente, afirmou ao GLOBO: “A pneumonia está controlada e descartamos qualquer nova cirurgia para a questão do abdômen neste momento. É hora de descansar e se recuperar, apenas”. Esta orientação vem em um momento crítico, onde a saúde de Bolsonaro se torna foco de preocupação, tanto para sua família quanto para seus correligionários do Partido Liberal (PL).
Os recentes episódios de hospitalização suscitaram inquietações dentro do PL. Além da necessidade natural de cuidar da saúde de Bolsonaro, há uma apreensão em relação à imagem do ex-presidente, que é considerado o principal candidato do partido para a corrida presidencial de 2026, apesar de sua atual inelegibilidade. Diante desse cenário, cresce o receio de que a sequência de problemas de saúde possa reforçar uma percepção de fragilidade, dando espaço a críticas e possíveis concorrentes na disputa, tanto da esquerda quanto de outras facções da direita.
Medida preventiva em relação ao calendário eleitoral
Com a saúde comprometida, a liderança do PL decidiu que Bolsonaro não participará de eventos partidários enquanto não houver autorização médica. A decisão foi tornado clara após o cancelamento das agendas em Santa Catarina e Rondônia, além da ausência no evento do PL 60+ na Câmara dos Deputados, em Brasília. Apenas cinco dias após retomar suas atividades, após uma internação anterior por pneumonia, Bolsonaro se viu forçado a se afastar novamente.
Atualizações sobre seu estado de saúde
De acordo com o boletim médico, os exames realizados indicaram uma “intensa esofagite com processo inflamatório, erosões mucosas e gastrite moderada”. O ex-presidente se submeteu a uma endoscopia digestiva e iniciará um tratamento medicamentoso para tratar a inflamação. Esses problemas de saúde não são novos para Bolsonaro, que já enfrentou diversas internações e procedimentos cirúrgicos ao longo dos anos.
Desde o atentado a faca que sofreu em 2018 durante sua campanha, na qual passou por múltiplas cirurgias, sua saúde tem sido uma questão de preocupação tanto para ele quanto para seus apoiadores. Além dos procedimentos necessários após o atentado, como a remoção da bolsa de colostomia e correções de hérnias, Bolsonaro teve que se submeter a uma série de internações para tratar de problemas intestinais recorrentes.
Repercussão política das complicações de saúde
As complicações de saúde do ex-presidente acenderam sinais de alerta entre seus aliados, que veem essas circunstâncias como uma potencial vulnerabilidade eleitoral. Observadores políticos apontam que, com a contínua exposição de sua fragilidade, o espaço para outros candidatos de peso, tanto na esquerda quanto na direita, pode se ampliar, desafiando a hegemonia de Bolsonaro como figura central na política do país.
Embora sua equipe continue a afirmar que ele é uma opção forte para a próxima eleição, o foco principal neste momento é sua recuperação. As orientações médicas insistem na importância da repouso e da reabilitação física que ele deverá seguir nos próximos dias, evitando sobrecarregar seu corpo enquanto se recupera das consequências de sua saúde debilitada.
Bolsonaro, por sua vez, continua a afirmar suas intenções políticas e busca manter o apoio de base, convivendo com a incerteza de suas limitações físicas em meio a um cenário eleitoral que se intensifica. A continuidade de sua trajetória política dependerá não apenas de sua recuperação médica, mas também da percepção que o público e seus aliados terão de sua condição de saúde e capacidade de liderar.