O clima esquentou novamente nas esferas políticas brasileiras. O deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES) fez declarações polêmicas durante uma audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, onde acusou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, de seguir táticas semelhantes às utilizadas por grupos considerados extremistas, como o Hamas e o Hezbollah. As declarações ocorreram nesta quarta-feira (2/7) e geraram immediata repercussão.
Uma crítica feroz
Na audiência, que teve um tom elevado desde o início, o parlamentar começou questionando as ações da ministra, afirmando que “usa a tática do ridículo”. Para ele, esse comportamento não beneficia o Brasil em um momento crítico, onde as questões ambientais e de desenvolvimento sustentável são essenciais. “Percebe-se como ela se protege. O que não é do campo dela, tudo é ridículo. Tudo é do outro lado para lá. (…) A senhora o tempo todo se comporta ameaçando, acusando”, declarou Evair, que não se preocupou em pesar suas palavras.
O tom das palavras de Evair gerou incomodo entre os colegas, que o interromperam. Contudo, ele se defendeu, dizendo que estava “falando sobre política”, e seguiu com suas críticas. Ele afirmou que a estratégia da ministra não é uma iniciativa isolada e que se trata de uma “conspiração global”. Segundo ele, a forma como Marina Silva se comporta é semelhante a táticas utilizadas por movimentos guerrilheiros, como as Farc, além de outras organizações radicalizadas ao redor do mundo.
A resposta de Marina Silva
Após o ataque direto e prolongado do deputado, que durou mais de dez minutos, Marina Silva se manifestou, assegurando que estava preparada para enfrentar as críticas e que se sentia em paz. “Pedi a Deus para me dar calma, porque eu sabia que depois do que aconteceu no Senado as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui em um nível piorado”, destacou a ministra, enfatizando que sua consciência estava tranquila.
Essa declaração de Marina reflete sua experiência prévia com ataques semelhantes no Senado, especialmente durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura, onde foi alvo de ofensas diretas. Na ocasião, o presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RO), a confrontou de forma desrespeitosa, levando-a a se retirar do local, o que também trouxe à tona discussões sobre o machismo e o desrespeito enfrentados por mulheres na política brasileira.
Ataques recorrentes
No Senado, a ministra expressou ter se sentido agredida pela forma como estava sendo tratada pelos senadores, ressaltando que estima que seu lugar é onde todas as mulheres deveriam estar, e não deve ser definido por preconceitos relacionados à sua cor ou trajetória. “O que não pode é alguém achar que porque você é mulher, porque você é preta, porque você vem de uma trajetória de vida humilde e você vai dizer quem eu sou”, afirmou Marina, reforçando seu compromisso com a sua trajetória e a luta por igualdade.
Essa troca acalorada de palavras entre o deputado e a ministra ilustra a crescente polarização política no Brasil, onde divergências de ideias têm se tornado cada vez mais intensas e, muitas vezes, desrespeitosas. A situação destaca ainda a necessidade de discussões construtivas em um momento em que os desafios ambientais e sociais precisam ser encarados com responsabilidade e respeito mútuo.
É um convite à reflexão sobre como o debate político é conduzido, particularmente em temas sensíveis como o meio ambiente, que demandam coletividade e diálogo respeitoso.